Zelenski critica conferência de paz proposta por China e Brasil

Em maio, Brasília e Pequim afirmaram apoiar "uma conferência internacional de paz" para lidar com conflito no leste da Europa. Presidente ucraniano disse que não vê proposta como "um plano concreto".

Por Deutsche Welle

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, criticou neste sábado (21/09) a iniciativa de paz para a Ucrânia proposta em maio pela China e pelo Brasil, afirmando que não se trata de um "plano concreto".

"Não creio que seja um plano concreto, porque não vejo quaisquer ações ou fases específicas, apenas uma certa generalização de procedimentos. Uma generalização esconde sempre alguma coisa", disse Zelenski em declarações feitas ontem, mas divulgadas apenas neste sábado.

Em maio, a China e o Brasil afirmaram apoiar "uma conferência internacional de paz organizada numa altura apropriada, reconhecida pela Rússia e pela Ucrânia, com a participação igual de todas as partes e uma discussão justa de todos os planos de paz".

Mas Kiev vê a iniciativa com desconfiança, especialmente por causa dos laços entre o Kremlin e o regime chinês.

A parceria estratégica entre a China e a Rússia tornou-se ainda mais forte desde que o Kremlin invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022.

De acordo com Washington, a China está ajudando Rússia a aumentar a sua produção de mísseis, drones e tanques, mas não está exportando armas diretamente.

Zelenski ainda lamentou que os Estados Unidos e o Reino Unido ainda não tenham autorizado o uso de mísseis de longo alcance em solo russo, uma questão sensível para os aliados ocidentais, que temem a reação de Moscou.

"Nem os Estados Unidos nem o Reino Unido nos deram permissão para usar estas armas no território da Rússia, contra qualquer alvo e a qualquer distância", e Kiev, portanto, não o fez, disse Zelenski.

"Acho que têm medo de uma escalada", acrescentou. A Ucrânia exige a autorização para usar armas de longo alcance para atacar alvos militares em território russo. Porém, alguns, especialmente o presidente dos EUA, Joe Biden, temem a reação da Rússia.

O líder russo, Vladimir Putin, advertiu que uma decisão nesse sentido equivaleria "aos países da Otan [estarem] em guerra contra a Rússia". Zelenski afirmou que é necessária uma decisão rápida, enquanto a Rússia "transfere" seus aviões de guerra para bases mais distantes.

Encontro com Trump

Zelenski tenciona propor o seu próprio plano para acabar com a guerra ao presidente americano, Joe Biden, durante uma visita aos Estados Unidos na próxima semana. O presidente americano "ainda pode fortalecer a Ucrânia e tomar decisões importantes" antes do final de seu mandato, em janeiro próximo, disse Zelenski.

Nas declarações, Zelenski, cujo exército luta para travar o avanço das tropas russas no leste do país, declarou, por outro lado, que a ajuda militar dos aliados tinha "acelerado" no início de setembro.

Este plano também será apresentado ainda a Kamala Harris, vice-presidente e candidata democrata, e a Donald Trump, ex-presidente e candidato republicano.

Depois disso, será "aberto a todos", declarou Zelenski, sugerindo que será tornado público.

O presidente ucraniano afirmou que aproveitaria sua viagem aos Estados Unidos para "falar ao Congresso americano" porque precisa do seu "apoio".

A Ucrânia é altamente dependente da ajuda ocidental, especialmente dos Estados Unidos. As eleições presidenciais dos EUA, em 5 de novembro, suscitam sérias preocupações, uma vez que qualquer mudança política poderá ter consequências significativas.

Zelenski indicou que provavelmente se reuniria em 26 ou 27 de setembro com Trump, que criticou fortemente a ajuda de bilhões de dólares de seu país à Ucrânia.

jps (Lusa, AFP, ots)

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