Zé Celso morre aos 86 anos em decorrência de incêndio em apartamento em SP

Dramaturgo e fundador do Teatro Oficina tinha 86 anos e deixa marido com quem se casou há um mês

Da Redação

Zé Celso morre aos 86 anos em decorrência de incêndio em apartamento em SP
Zé Celso morreu em São Paulo nesta quinta-feira
Reprodução/Redes Sociais

Zé Celso, dramaturgo e fundador do Teatro Oficina, morreu aos 86 anos nesta quinta-feira (6). O artista estava internado desde que foi resgatado de um incêndio que atingiu o apartamento dele na terça-feira (4) no bairro Paraíso, em São Paulo. 

O dramaturgo deixa um marido, Marcello Drummond, com quem se casou há pouco mais de um mês. Marcello, outros três amigos de Zé Celso e um cão de estimação do casal também estavam no apartamento que pegou fogo. 

Relembre a carreira de Zé Celso

José Celso Martinez Corrêa nasceu em 30 de março de 1937, em Araraquara, no interior paulista. Quando jovem, se mudou pra São Paulo e entrou na Faculdade de Direito da USP. Não terminou o curso, mas foi ali que decidiu integrar o grupo de teatro da faculdade e começar a vida artística.

O artista baseava a arte no movimento antropofágico, do modernista Oswald de Andrade. No final dos anos 1960, ressuscitou o movimento com a peça "O Rei da Vela". Desafiando a censura, o Teatro Oficina foi a manifestação do tropicalismo nas artes dramáticas.

"O rei da vela" alcançou repercussão nacional e fez até turnê pela Europa. Em 2017, Zé Celso foi surpreendido pelo amigo e ator Renayto Borghi. Eles se reencontraram em cena na remontagem que marcou os 50 anos da peça.

Foi também no início dos anos 1960 que Zé Celso trouxe o teatro oficina no Bixiga, um dos bairros mais tradicionais de São Paulo, onde ele está até hoje. O espaço chegou a ser atingido por um incêndio. Nos anos 1990 ganhou novo projeto assinado pela arquiteta Lina Bo Bardi.

A exploração imobiliária tentou modificar e até expulsar o teatro para trazer empreendimentos pro entorno. Zé Celso fez de tudo e conseguiu manter o Oficina intocável. Diretor, ator e autor, Zé Celso encantou e incomodou o mundo com seu jeito provocador de fazer teatro. Os corpos nus em cena geravam polêmica e atraiam cada vez mais espectadores. Pelo palco do Teatro Oficina passaram inúmeras gerações de atores.

A história da companhia teatral, que se tornou uma das maiores e mais antigas do país, foi contada no documentário "Máquina de Desejo". Nos quase 70 anos de carreira, Zé Celso acumulou dezenas de espetáculos, prêmios e homenagens. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão as montagens de "Os sertões" de Euclides da Cunha, "O banquete" de Platão, "As Bacantes" de Eurípides e "Roda viva" de Chico Buarque, peça que virou um símbolo da resistência contra a ditadura militar.

O último grande ato, também no palco do Oficina, foi um espetáculo da vida real. No dia seis de junho deste ano, Zé Celso oficializou a relação de 37 anos com o ator e diretor Marcelo Drumond, parceiro de vida e arte.

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