YouTube remove vídeo de Bolsonaro que defendia uso da hidroxicloroquina

Plataforma diz que o conteúdo infringe as diretrizes sobre informações médicas

Alexandre Bazzan

O YouTube removeu uma das lives do presidente Jair Bolsonaro em que ele defendia o uso da hidroxicloroquina contra o coronavírus. No vídeo publicado em 14 de janeiro, o ex-ministro Eduardo Pazuello, que deve ser ouvido na CPI da Covid, defende o tratamento precoce e diz que os medicamentos têm que estar presentes na rede pública.  

Bolsonaro afirma que pediu para que Mandetta, o primeiro ministro da Saúde dos quatro que passaram na sua gestão, mudasse o protocolo para que a hidroxicloroquina pudesse ser receitada pelos médicos. Desde a saída de Mandetta, estudos provaram que o remédio é ineficaz contra o coronavírus.

"Na última semana, atualizamos nossas políticas de informações médicas incorretas sobre a Covid-19. Com isso, ao menos que haja contexto educacional, documental, científico ou artístico suficiente, a plataforma passou a remover vídeos que recomendam o uso de ivermectina ou hidroxicloroquina para o tratamento ou prevenção da Covid-19, fora dos ensaios clínicos, ou que afirmam que essas substâncias são eficazes e seguras no tratamento ou prevenção da doença. O referido vídeo foi removido por violar essas políticas", explica o YouTube em nota ao band.com.br.  

A plataforma diz que a atualização está alinhada às orientações atuais das autoridades de saúde globais sobre a eficácia dessas substâncias.  

Outras gravações em que o presidente defende o uso desses remédios continuam no ar. O YouTube afirma que já removeu mais de 850 mil vídeos por violarem as diretrizes de conteúdo da plataforma sobre o coronavírus desde o início da pandemia e que ainda pode deletar mais vídeos que infrinjam essas regras.  

CPI e outras redes sociais

O vídeo deletado pelo YouTube segue rodando no Facebook. A postagem de Bolsonaro no Twitter mostra o vídeo removido.

A live de 14 de janeiro com a defesa da hidroxicloroquina para tratar a Covid-19 foi feita na semana da crise do oxigênio em Manaus. Na época, pessoas morreram asfixiadas por falta do gás medicinal nos hospitais dias depois de o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, fazer uma visita à cidade para incentivar o tratamento precoce.  

Neste mesmo período, o Ministério lançou um aplicativo que recomendava o uso de hidroxicloroquina, ivermequitina e azitromicina para pacientes de várias faixas etárias e até para aqueles sem sintomas da Covid. O sistema foi posteriormente retirado do ar e Pazuello alegou falha técnica.

A comissão deve pedir explicações a ao menos 15 membros ou ex-integrantes do governo. A crise de Manaus e o gasto público em remédios sem comprovação científica devem ser centrais na comissão.

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