O ultradireitista Geert Wilders anunciou nesta quarta-feira (15/05) ter chegado a um acordo com partidos de direita na Holanda para a formação de um governo de coalizão sob a liderança de um novo primeiro-ministro – quem, isso ainda é incerto, mas Wilders disse que não deve assumir o cargo por ser considerado radical demais.
"Discussões sobre [quem será] o primeiro-ministro acontecerão posteriormente", disse ele a jornalistas.
O anúncio vem quase seis meses depois de o Partido da Liberdade (PVV), de Wilders, sagrar-se vencedor nas eleições ao Parlamento com um discurso abertamente antieuropeu e islamofóbico – incluindo a promessa de banir o Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, e seus templos. Por causa de sua retórica, o líder foi apelidado de "Trump holandês".
A sigla obteve 37 assentos no Parlamento de 150 cadeiras, derrotando a aliança de esquerda de Frans Timmermans, com 25 assentos. Mas diante do altamente fragmentado sistema político holandês, onde nenhum partido é suficientemente forte para governar sozinho, o PVV não havia sido capaz de formar um novo governo até então por falta de consenso com os direitistas BBB, do setor agropecuário, o liberal VVD e o NSC, uma nova legenda com foco no combate à corrupção.
"Não esqueçam: eu serei primeiro-ministro da Holanda um dia. Com o apoio de ainda mais holandeses", disse Wilders em março, após fracassar no seu intento de liderar o governo e anunciar a desistência do cargo. A coalizão, porém, ainda deve ser encabeçada pelo partido dele.
Na União Europeia, partidos populistas de direita já integram ou lideram governos na Itália, Hungria, Eslováquia, Finlândia e Croácia, e estão de olho nas eleições ao Parlamento Europeu, daqui a três semanas.
Ex-ministro trabalhista cotado para o cargo
O atual primeiro-ministro holandês é Mark Rutte, do VVD. Ele é favorito ao comando da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Segundo a agência de notícias AFP, o novo governo holandês, uma coalizão de quatro partidos, pode ser liderado pelo ex-ministro da Educação e do Interior Ronald Plasterk.
Plasterk, que integra o partido trabalhista PvdA, ajudou a mediar as negociações para a formação do novo governo. Caso ele de fato venha a assumir o governo, deve migrar para o PVV de Wilders.
ra (AFP, dpa, ots)