Vítima de violência sexual recebe bíblia em hospital de referência para aborto legal

Livro cristão teria sido distribuído por funcionárias do Hospital Pérola Byington, em São Paulo

Da Redação

Hospital Pérola Byington fica região central de São Paulo Wikimedia Commons
Hospital Pérola Byington fica região central de São Paulo
Wikimedia Commons

A deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP) divulgou nas redes sociais que recebeu a denúncia de que funcionárias do Hospital Pérola Byinton, na região central de São Paulo, teriam distribuído bíblias para vítimas de violência sexual. O hospital é referência na realização de abortos em caso de estupro e de demais casos abarcados pelo serviço de abortamento legal.

Segundo a parlamentar, ação das trabalhadoras do local teria acontecido na fila do ultrassom e, juntamente com o livro cristão, também teriam sido entregues absorventes. 

Sâmia protocolou um ofício ao hospital para que seja esclarecido a situação realmente aconteceu. Para ela, se a denúncia for verdadeira, o hospital terá obrigação de dizer quais serão as medidas tomadas pela administração diante do ocorrido.

No documento, ela lembra que é frequente o assédio de grupos religiosos contrários ao aborto contra pacientes e funcionários do hospital. Em 2019, foram feitas vigílias de orações a fim de dissuadir mulheres que buscam os serviços da instituição de saúde, o que gerou conflitos e até casos de violência física.

À época, Sâmia e a deputada estadual Mônica Seixas, também do PSOL, encaminharam uma denúncia ao Ministério Público para investigar a ação desses grupos. 

Em nota, a secretaria de estadual de saúde de São Paulo informou que o hospital “lamenta o desconforto e repudia qualquer atitude contrária à liberdade de consciência e de crença quanto ao caráter laico de instituições públicas, previstos em Constituição”.

Para que situações como a divulgada pela deputada não aconteçam mais, o órgão informou que a direção da instituição de saúde se reuniu com profissionais e voluntários, “reforçando a obrigatoriedade do cumprimento das normas estabelecidas pelo serviço, que respeita as escolhas individuais de suas usuárias”.

O hospital disse ainda que não permite a distribuição de panfletos ou livros e considera inadmissível qualquer coação às pacientes.

Segundo a direção, a ação dos funcionários ocorreu no setor de ultrassom, que atende pacientes acompanhadas por diversas frentes de atendimento, incluindo a Oncologia e mulheres assistidas no Ambulatório de Violência Sexual do Programa Bem me Quer.

Ainda segundo a nota, em caso de dúvidas e reclamações, o hospital disponibiliza canais de atendimento por e-mail (crsm-ouvidoria@saude.sp.gov.br) e por telefone, nos números (11) 3232-9021 ou 9000.

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