O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), presidente em exercício do Senado, reforçou nesta terça-feira (10) a suspeita de negligência do governo do Distrito Federal com os vândalos que destruíram o patrimônio público nas sedes dos Três Poderes em Brasília.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o senador disse que foi alertado pela Polícia Legislativa no domingo, ainda bem cedo, sobre o risco de invasão do Congresso.
Segundo ele, o governador Ibaneis Rocha (MDB), agora afastado, foi procurado para que um alerta de risco fosse transmitido, mas que não houve retorno. O senador afirma que o alerta veio da Polícia Legislativa.
“Por volta das 7h30, eu estava no meu Estado, a Paraíba, quando o diretor-geral da Polícia Legislativa me ligava preocupado, já se dizendo conhecedor, por conta da presença de mais de cem ônibus, que estacionados estava à altura do Eixão, que havia provavelmente mais de 4 mil pessoas, além de outras do próprio entorno, de Brasília e outras cidades, que estariam a dirigir-se até a esplanada dos ministérios e, principalmente, a frente do Congresso Nacional, do Supremo e do Planalto”, contou.
Vital do Rego afirma que a Polícia Legislativa pediu reforço. “E ele [diretor da PL] dizia 'olha, senador, nós não temos contingente suficiente. Desde sexta-feira nós já alertamos as forças de segurança locais, no caso, a Secretaria de Segurança do Distrito Federal, para a possibilidade de os manifestantes puderem querer invadir, quebrar e dilapidar as sedes dos poderes. E eu queria que o senhor, por gentileza, ligasse ao governador Ibaneis para dizer dessas iminências de perigos, de fatos que podem acontecer, colocando seu reforço’”, reproduziu.
O senador garante que tentou contato com Ibaneis. “Liguei para o governador, mas não consegui retorno. Falei com seu secretário, chefe de gabinete da Casa Civil, se eu não estiver enganado, fui bem recebido, mas entre o ser bem recebido e aquilo que foi dito, há uma distância. Quando ele me assegurava que não haveria nenhum problema e os atos transcorreriam com a pacificidade sugerida, que bloqueios tinham sido feitos para que eles não acessassem ao Congresso, ao STF e ao Planalto, que o número de manifestantes não era superior a '400', ficasse o presidente do Senado certo de que não haveria nenhum problema, eu agradeci. Informei ao presidente Rodrigo Pacheco, que estava fora do País, e quatro horas depois foi exatamente o contrário", lamenta.
Para o presidente do Senado em exercício, essa sequência de fatos evidencia no mínimo uma “omissão gravíssima” do governo do Distrito Federal.
“Respeito a decisão”
Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal afastado do cargo após os atos extremistas de domingo (8), se pronunciou após a decisão do Supremo Tribunal Federal.
Em nota publicada em redes sociais, o político afirmou que entende a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, além de reafirmar a defesa e crença nas instituições, no Estado de Direito Democrático, na observância das leis e da Constituição, princípios que forjaram a minha carreira de advogado e homem público.
No texto, ele pontua que confia na apuração de responsabilidades e se defendeu sobre a acusação de ter sido conivente com o movimento dos extremistas.
“Será esclarecido o papel de cada um dos agentes públicos, bem como a inteira disposição do Governo do Distrito Federal no sentido de evitar todo e qualquer ato que atentasse contra o patrimônio público de nossa Capital, jamais esperando que a situação atingisse o ponto a que, infelizmente, assistimos”, pontua.