Em um vídeo gravado para justificar a fala racista que vazou durante uma sessão na Câmara Municipal de São Paulo nesta terça-feira (3), o vereador Camilo Cristófaro (PSB) afirmou que, ao dizer “coisa de preto”, estava se referindo a um Fusca preto que pertence à sua coleção de carros antigos.
Na gravação, ele cita o nome da vereadora Luana Alves (PSOL), que é negra e, após o vazamento da frase, imediatamente pediu a interrupção da sessão. Em entrevista à BandNews FM, ela disse que a declaração é “inaceitável” e informou que entrará com uma ação na corregedoria da Câmara.
"Estou dizendo exatamente que esses carros pretos dão trabalho. Que carro preto não é fácil para cuidar da pintura. Então, se a vereadora Luana olhou pro outro lado… 70% das pessoas que me acompanham, vereadora, são negros. Então, a senhora não vêm com conversa. Olha só, estão lavando aqui. Estou dizendo que carro preto dá trabalho, dá mais trabalho para polir”, diz o vereador Camilo Cristófaro no vídeo.
Vídeo: Caso de racismo na Câmara de SP
Em seguida, ao participar do Colégio de Líderes, o parlamentar mudou a versão e contou que, no momento do áudio racista, estava conversando com um amigo negro e fez uma “brincadeira”.
“Eu estava com o Chuchu, que é o chefe de gabinete da Sub do Ipiranga, e é negro. Eu comentei com ele, que estava lá. Inclusive no domingo nós fizemos uma limpeza e quando eu cheguei eu falei: ‘isso aí é coisa de preto, né?’. Falei pro Chuchu, como irmão, porque ele é meu irmão”, disse.
Uma nota assinada pelo presidente da Câmara, Milton Leite, lamentou o episódio racista, sem citar quem seria o autor da fala. O texto confirmou que o caso será investigado pela corregedoria da Casa.
Nota da Câmara de SP
É com uma indignação imensa que lamento mais uma denúncia de episódio racista dentro da Câmara de Vereadores de São Paulo, local democrático, livre e que acolhe a todos.
Como negro e presidente da Câmara, tenho lutado com todas as forças contra o racismo, crime que insiste em ser cometido dentro de uma Casa de Leis e fora dela também.
O caso será apurado pela Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo.
Milton Leite
Presidente da CMSP