Líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado foi presa nesta quinta-feira (09/01) em Caracas após sair de seu esconderijo e liderar um protesto contra o presidente Nicolás Maduro um dia antes de ele tomar posse do terceiro mandato, informaram apoiadores da política.
Pessoas próximas a Machado disseram às agências de notícias que ela foi "interceptada violentamente ao deixar o protesto", e que tiros teriam sido disparados contra o comboio de motos que a cercava.
Até o momento da publicação deste texto, não havia detalhes sobre o paradeiro de Machado, de 57 anos, nem posicionamento oficial do governo Maduro.
Machado era o nome proposto originalmente pela oposição para disputar as eleições em 28 de julho, mas teve sua candidatura barrada pelo regime. No lugar dela, entrou Edmundo González Urrutia.
Era a primeira vez em meses que ela fazia uma aparição pública. Após meses de dura repressão – com mais de 2 mil prisões – e sob forte presença policial, porém, o público desta vez era menor.
Clima de repressão na Venezuela
A despeito das suspeitas de fraude corroboradas por entidades internacionais e da falta de transparência, a vitória eleitoral de Maduro foi proclamada pelos órgãos oficiais sem que fosse feita a divulgação das atas eleitorais – documentos que, semelhantes aos boletins de urna no Brasil, permitiriam auditar o resultado.
Com base em atas reunidas e divulgadas na internet por conta própria, a oposição alega ter vencido a eleição com 67% dos votos contra 30% de Maduro.
Após insistirem nas acusações de fraude, tanto Urrutia quanto Machado e demais opositores foram ameaçados com a prisão. O regime também reprimiu duramente as manifestações que questionaram a autoproclamada reeleição de Maduro por mais seis anos.
Sob pressão, Machado passou a viver escondida, enquanto Urrutia, que se autoproclamou presidente eleito da Venezuela, chegou a fugir para o exterior, mas anunciou recentemente que voltaria ao país para tomar posse do cargo nesta sexta-feira (10/01) – com a prisão de Machado, porém, não está claro se ele de fato voltará a pisar na Venezuela. Na quarta-feira, Urrutia já havia denunciado a prisão de seu genro.
ra (AFP, AP)