Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin é formado em direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC). Caso o nome seja aprovado no Senado, o advogado de 47 anos pode ficar na Corte por até 28 anos, já que os ministros são obrigados a se aposentarem aos 75.
Filho de advogados, Zanin nasceu em Piracicaba, no interior de São Paulo. Anos após se formar, associou-se ao escritório que mais tarde defenderia Lula nos processos da Lava Jato, encabeçados pelo então procurador Deltan Dallagnol (atual deputado federal cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral) e pelo então juiz Sergio Moro (atual senador pelo União Brasil).
Atuação contra a Lava Jato
Uma das marcas de Zanin na defesa de Lula foi a lealdade ao petista, que chegou a ser condenado por Moro. Até então, o advogado não tinha relevância. Ao longo dos processos, alegou que Lula era vítima de “lawfare” (perseguição judicial).
A caminhada para a defesa de Lula foi longa, pois Zanin acumulou derrotas no auge na Lava Jato. Com a chamada “Vaza Jato” – vazamento de supostas conversas comprometedoras entre Moro e Dallagnol –, o advogado iniciou a guinada no jogo.
Moro, o juiz que condenou Lula, foi considerado parcial pelo STF. Antes disso, o ministro Edson Fachin, em tentativa de impedir a suspeição do ex-juiz de Curitiba, anulou os processos contra o petista por entender que o caso deveria ser julgado em Brasília, logo, por outro magistrado.
Em 2020, o escritório de Zanin foi alvo de uma operação que investigava suposto tráfico de influência com desvios de recursos públicos do Sistema S. A ordem foi assinada pelo juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato no Rio de Janeiro. Na época, o advogado disse que a ação foi uma tentativa de “intimidação”.
Sócio em escritório
Atualmente, Zanin é sócio num escritório de advocacia, o “Zanin Martins Advogados”, onde atua com a esposa, Valeska Zanin. Ambos atuam com litígios de empresas e no enfrentamento de “lawfare”, prática do uso excessivo do direito para perseguir inimigos ao qual Lula disse que foi vítima.
A indicação
Zanin anunciado, oficialmente, como indicação de Lula nesta quinta-feira (1º) pelo próprio presidente, em declaração à imprensa no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Em seguida, o petista publicou a informação nas redes sociais, ocasião em que se lembrou da defesa do advogado na Lava Jato.
“Já era esperado que eu fosse indicar o Zanin para o STF, não só pela minha defesa, mas porque eu acho que se transformará em um grande ministro da Suprema Corte. Conheço suas qualidades, formação, trajetória e competência. E acho que o Brasil irá se orgulhar”, escreveu Lula.
Mais cedo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), confirmou a indicação de Lula. Zanin, então, assume a vaga de Ricardo Lewandowski, que deixou o posto em abril deste ano. O advogado ainda precisa ter o nome aprovado pelo Senado.