Variante Delta: entenda os sintomas e a eficácia da vacinas contra a Covid-19

Mais contagiosa, a variante delta pode lembrar um resfriado. Em caso de infecção, a vacina também ajuda a reduzir os sintomas

Larissa Santos, do Band.com.br

Variante delta: cepa pode ser transmitida por pessoas vacinadas
Agência Brasil

A variante Delta do coronavírus tem preocupado autoridades por ser mais contagiosa, prejudicando a contenção da pandemia. Um dos principais motivos é o fato de que os sintomas dela podem ser semelhantes aos de uma gripe ou resfriado. 

Por apresentar sintomas mais leves, as pessoas não sabem que estão contaminadas com coronavírus. Desta forma, quem está infectado acaba não tomando todos os cuidados de isolamento, e o vírus acaba circulando livremente, contagiando mais pessoas.

O infectologista do Hospital das Clínicas e diretor da Sociedade Paulista de Infectologia, Evaldo Stanislau, ressalta que os sintomas da Covid-19, no geral, são os mesmos para quem é infectado com a variante Delta.

“O que acontece é que muitas pessoas que foram contaminadas com a Delta já tinham tomado uma ou duas doses da vacina, ou seja, tinham algum grau de imunidade. Por isso, os sintomas podem ter sido mais leves ou discretos, mas não é porque o vírus é diferente, e sim porque elas já tinham imunidade”, explica Evaldo.

Um paciente infectado com a variante Delta pode apresentar qualquer um dos sintomas de um quadro de Covid: febre, dor de garganta, tosse seca, obstrução nasal, coriza, dor de cabeça, diarreia, dores musculares e nas articulações, diarreia, mal-estar, conjuntivite e alteração de olfato e paladar. 

O infectologista do Hospital Moinhos de Vento, Paulo Ernesto Gewehr Filho, aponta que caiu o número de pacientes diagnosticados com Covid-19 que apresentam sintomas como a perda de olfato e paladar. “Porém, na hora do atendimento, não sabemos se a pessoa está infectada com a variante Delta ou não. Mas é uma tendência”, explica.

Paulo Ernesto ressalta que a perda de olfato e paladar eram os principais sintomas que deixavam as pessoas alerta sobre a possibilidade da infecção pela Covid-19. Como esse quadro está se tornando cada vez menos recorrente, as pessoas descartam a possibilidade de contágio e acabam não sendo testadas, colocando outras em risco.

“O maior problema sobre a variante Delta é que tanto o médico quanto a pessoa doente podem achar os sintomas leves e não fazem o exame. Independentemente de ser só um nariz escorrendo ou uma dor de garganta, faça o teste sorológico porque pode ser covid”, alerta o infectologista Evaldo Stanislau. 

Vídeo: Saiba as diferenças entre a variante Delta e a Covid-19 comum

Um estudo no Reino Unido percebeu uma mudança no quadro sintomático da Covid-19 nos últimos meses. O mapeamento, realizado por meio de um aplicativo, indicou novos sintomas que se tornaram mais recorrentes, e outros que se tornaram menos comuns. O próprio paciente registrava os sintomas no app, e informava se já tinha sido vacinado.

A pesquisa apontou que os sintomas mais comuns foram: dor de cabeça, dor de garganta, nariz escorrendo, febre e tosse. A perda de olfato não aparece nem entre os dez principais sintomas, de acordo com Tim Spector, pesquisador do estudo britânico ZOE Covid, em colaboração com o King’s College de Londres.

A variante Delta é mais contagiosa e perigosa?

A Delta tem maior taxa de transmissão que outras variantes que circulavam no país. Stanislau aponta que a linhagem Delta pode ser transmitida para até oito pessoas. Com uma velocidade de expansão tão agressiva em um curto espaço de tempo, a variante representa um potencial para alta de casos, sobrecarregando o sistema de saúde. 

“Isso é mais um fenômeno matemático por conta do números de expostos do que pelo risco de variante delta provocar quadros mais graves da doença”, diz diretor da Sociedade Paulista de Infectologia.

Vídeo: conheça as características dessa mutação da variante Delta

De acordo com ele, a vacinação é crucial para que o país siga reduzindo o número de casos e mortes pela Covid-19, já que as vacinas utilizadas no Brasil são capazes de reduzir a carga viral em casos de infecção, diminuindo a capacidade de transmissão de uma pessoa para a outra --mesmo nos casos da variante Delta, que é mais contagiosa.

“Se as pessoas continuarem se vacinando e usando máscara, não necessariamente vamos ter um impacto negativo nos avanços que já tivemos na contenção da pandemia em setembro mesmo com a variante Delta circulando”, avalia o infectologista Evaldo Stanislau.

Vacinas são eficazes contra a Delta

Estudos recentes indicam que as vacinas disponíveis no Brasil são eficazes contra a variante Delta. 

No caso da AstraZeneca, produzida pela Fiocruz no Brasil, estudos coordenados pela Universidade de Oxford apontam que, após as duas doses, a vacina tem uma efetividade de 92%. Já para a Pfizer, a eficácia é de 96% após as duas doses.

De acordo com o governo de São Paulo, a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, é capaz de evitar o agravamento da Covid-19 em infecções por variante Delta em 100% dos casos. Os dados são de um estudo realizado por pesquisadores chineses.

A fabricante da Janssen diz que a vacina de dose única tem uma eficácia de 85% em casos graves, proteção contra hospitalizações e morte por contaminação com a variante Delta.

“Quem tomou as duas doses pode se infectar com a Delta, e normalmente tem sintomas leves ou são casos assintomáticos. Mas essa pessoa transmite a Covid-19. É por isso que quem toma a vacina deve continuar usando a máscara”, reforça o médico do Hospital das Clínicas.

Vídeo: Taxa de transmissão da variante delta é menor entre vacinados

O que sabe sobre a variante Delta?

No Brasil, a Delta já é responsável pela alta de casos em algumas regiões, como na cidade do Rio de Janeiro, epicentro da variante no país. Segundo o Secretário de Saúde Municipal do Rio, Daniel Soranz, no último mês a variante Delta representou 56,6% das amostras de Covid-19 na capital carioca. 

No fim de agosto, a prefeitura de São Paulo apresentou dados do Instituto Butantan que mostram que atualmente 43,50% dos casos na cidade são da Delta. Outros 53,58% são da variante Gama. 

No mundo, a Delta (Sars-CoV-2 B.1.617.2) foi identificada pela primeira vez em 2020 na Índia. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a nova cepa já se espalhou para mais de 135 países e representa quase 90% das amostras de contaminação em todo o planeta.

O que fazer se tiver sintomas?

Os médicos reforçam a importância do paciente insistir em fazer um exame para certificar se está ou não contaminado, mesmo que seja sintomas de um resfriado ou gripe.

“A pandemia ainda não acabou. Não importa se você tem o sintoma mais simples ou até os mais clássicos, que fazem com que o paciente pense em covid. Busque ajuda médica e faça o teste de coronavírus”, explica Stanislau. 

Por mais que sejam sintomas leves e poucos incômodos, desconfie da Covid-19 e peça ao seu médico um teste de coronavírus. Vale para sintomas leves como: tosse seca, febre, cansaço, perda de apetite, paladar e olfato, dores e desconforto, dor de cabeça, dor de garganta, diarreia, erupções na pele e conjuntivite.

“Se receber um diagnóstico de que é apenas um resfriado ou uma gripe, não aceite, insista no teste de Covid-19e. Se o profissional não pedir exame,  vá até uma farmácia e faça o teste”, sugere Stanislau.

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