Vai ver o jogo do Brasil no trabalho? Veja como torcer sem perder o emprego

Muitas empresas vão dispensar os colaboradores mais cedo, mas quem ficar deve saber como se comportar

Karina Crisanto e Luiza Lemos

Vai ver o jogo do Brasil no trabalho? A estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo do Catar será nesta quinta-feira (24), às 16h, em pleno horário comercial. Muitas empresas e autarquias vão liberar seus colaboradores mais cedo, mas tem gente que vai mesmo ver - e torcer - bem perto do chefe.  

Para os funcionários, a ideia é levar o clima da Copa para dentro do ambiente de trabalho. A assistente administrativa de obra, Lorenna Carvalho, disse que a empresa fez um combinado diferente com os funcionários. “Trabalhamos uma hora a mais dos dias 13 ao 28 para compensar as horas que seremos dispensados. Sairemos da empresa ao meio-dia”, afirma. 

Para ela, o horário foi viável, já que mora próximo ao trabalho. “Mas, os colaboradores que moram mais distantes se sentiram desapontados com o horário estipulado”, lamenta. 

Já a operadora de teleatendimento, Rauany Pereira, afirma que todos os funcionários da empresa vão cobrir a carga horária normalmente, mas poderão assistir aos jogos na televisão do local de trabalho, sem som alto. “Gostaria muito que o expediente parasse nesse período do jogo, e voltaríamos normalmente quando acabasse”, lamenta. 

Júlia Maria Soares Otavio, gerente comercial, pontua que nos dias dos jogos do Brasil, sairá mais cedo do trabalho. “Em dias que o jogo do Brasil for realizado às 16h, a unidade fecha às nesse horário e a gente não retorna mais para trabalhar. Os jogos que estão marcados para às 13h, todo mundo vai almoçar entre às 13h e 16h, serão duas horas de almoço e logo após retorna para a unidade de novo”, informa. 

Servidores podem ser dispensados

Uma norma do Ministério da Economia, publicada no Diário Oficial da União em 11 de novembro deste ano, informa que em casos de servidores públicos, nos dias de jogos da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, em caráter excepcional, podem ter os horários de expedientes alterados. 

Na portaria, o Ministério da Economia reforça que as horas não trabalhadas em decorrência da alteração de horário serão compensadas no período de 1º de dezembro de 2022 até dia 31 de maio de 2023. Nas empresas privadas, algumas liberam o funcionário, outras, não. 

Thereza Cristina Carneiro, especializada em Direito do Trabalho, explica que é tudo uma questão de escolha da empresa. “A legislação trabalhista não dispõe em nada sobre o tema. Portanto, é apenas uma prerrogativa do empregador. Apenas atividades essenciais não são liberáveis”, informa. 

Por isso, Claudia Danienne, psicóloga organizacional e especialista em gestão de RH, diz que a comunicação entre empresa e funcionário deve ser clara para que situações desagradáveis não aconteçam no ambiente corporativo. “O colaborador deve saber o que é permitido e o que não é. Minha dica principal é a transparência entre as duas partes”, analisa. 

Regras na hora de torcer

Quem for ver o jogo do escritório pode levar camisa do Brasil, adereços e se vestir como torcedor?Segundo Lívia Carvalho, head de Recursos Humanos Sênior, tudo depende das regras de conduta no trabalho. Para ela, vale mudar a roupa do dia a dia para algo que remeta à torcida na Copa e até decorar o ambiente de trabalho, claro que sempre combinado com a empresa. 

Na empresa em que a assistente administrativa Lorenna Carvalho trabalha, a orientação é que os funcionários que trabalham com o público utilizem o uniforme, enquanto não foi passado instruções para as pessoas da engenharia. 

Já Rauany Pereira diz que não foi informada de todas as permissões. “A empresa liberou usar camiseta do time, porém, não citou sobre demais adereços. Acredito que não podemos utilizar, já que temos acesso, às vezes, no ambulatório do hospital, onde os pacientes estão”, disse a operadora de teleatendimento. 

Em relação ao local de trabalho da gerente comercial Júlia Maria Soares Otávio, até o momento da entrevista, a empresa não havia informado os funcionários sobre as vestimentas, mas pediram para que fossem com o uniforme que já usam no dia a dia.

Como se comportar na hora do gol?

Lívia Carvalho, as regras de conduta no trabalho valem para o momento do jogo e é indispensável evitar palavrões e se exaltar na torcida. “Porque você está no ambiente de trabalho, com líderes e o tempo todo somos observados, dentro ou fora do contexto de trabalho”, pontua. 

Para os que trabalham em empresas multinacionais, Claudia Danienne indica que é preciso respeito com o país em que a empresa foi fundada, dependendo do jogo. “É indicado ter um ambiente gostoso e harmônico é o respeito, respeitar a diferença cultural, o país que está jogando em campo, a performance. Lembrando que são adversários no Catar, mas aqui no Brasil é a empresa que está empregando esse profissional”, avalia. 

Empresa deve incentivar

Caso o funcionário não seja liberado para assistir aos jogos em casa, Claudia recomenda que a empresa disponibilize um ponto para transmissão. “Onde os colaboradores podem se socializar, comentar e de tempos em tempos, quando puder sair da rotina do trabalho, que ele passe por esse ponto de encontro e confraternize um pouco”, indica. 

Lívia até faz uma adição para a dica de Claudia. Ela sugere que as empresas também proporcionem “comes e bebes” para a torcida ficar mais animada. “Pipoca, quitutes, salgados, doces, bebidas não alcoólicas para descontrair ainda mais no horário do jogo. Assim, deixa o momento mais leve para os funcionários”, comenta. 

E se a empresa não deixar?

Segundo as especialistas em RH, antes de mais nada, é importante que as empresas comuniquem previamente a proibição e as medidas disciplinares para quem ir contra a regra. “Entram medidas como advertência por má conduta, disciplinar do funcionário, por exemplo”, analisa Lívia. 

Claudia pontua que caso o funcionário quebre a regra imposta pela empresa, o colaborador pode perder a confiança da chefia. “Ele fica vulnerável, pode ser chamado a atenção e até tomar punições dependendo do ambiente organizacional”, indica. 

Para Douglas Artigas, advogado especializado em Direito Trabalhista, caso o funcionário falte para ver o jogo ou não vá de acordo com as regras, pode gerar suspensão do trabalho e até desconto do dia faltado. Thereza Cristina chega a concordar com Douglas, mas afirma que o funcionário corre o risco de ser demitido com justa causa dependendo do caso. 

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