Mais de 60 universidades de língua alemã anunciaram nesta sexta-feira (10/01) que encerrarão suas atividades na plataforma X, de Elon Musk. "Os acontecimentos no X mostram que a plataforma não cumpre mais sua responsabilidade de promover um discurso justo. Como instituições acadêmicas, não podemos aceitar isso", explicou a reitora da Universidade Heinrich Heine de Düsseldorf, Anja Steinbeck. A orientação da plataforma contradiz, segundo ela, os valores fundamentais das universidades, como o cosmopolitismo e a integridade acadêmica.
A medida foi anunciada no dia seguinte a uma conversa ao vivo realizada na plataforma entre o proprietário bilionário Elon Musk e Alice Weidel, líder do partido alemão de ultradireita AfD, candidata à chefia de governo nas eleições gerais de 23 de fevereiro.
Na live, acompanhada por mais de 200 mil perfis no X, Musk e Weidel trataram de uma série de temas controversos. Em certo ponto do bate-papo, Weidel chegou a afirmar falsamente que o líder nazista Adolf Hitler não era de direita e sim de esquerda, classificando-o como "comunista".
Campanha conjunta
A iniciativa da campanha conjunta partiu da Universidade de Düsseldorf. Os signatários da "#WissXit” também incluem a Universidade Livre de Berlim, as universidades de Heidelberg, Würzburg e Marburg, assim como a Universidade Médica de Innsbruck.
As instituições acusam o meio de comunicação administrado pelo bilionário americano Elon Musk de amplificar algoritmicamente o conteúdo populista de direita e restringir o alcance de outros conteúdos.
Instituições que já descontinuaram suas operações no X também apoiaram a iniciativa. Muitas podem agora ser encontradas em plataformas alternativas, como a Bluesky e a Mastodon.
Berlim não descarta passo semelhante
O governo alemão também discute a possibilidade de excluir sua presença na plataforma devido a preocupações com seus algoritmos, segundo a porta-voz adjunta do governo alemão Christiane Hoffmann nesta sexta-feira.
"Esta é uma consideração permanente que temos que fazer repetidamente" disse a porta-voz.
O X e outras plataformas de mídia social têm algoritmos que não não promovem um discurso "objetivo e equilibrado, mas sim um que tende a ser agitado e polarizado", disse a porta-voz.
Ela acrescentou que, por enquanto, foi tomada a decisão de permanecer na plataforma devido ao fato de ela permitir o acesso a um público amplo.
Musk tem se manifestado cada vez mais em seu apoio à partidos de extrema direita e anti-establishment na Europa antes das eleições de 23 de fevereiro na Alemanha, o que levou instituições alemãs, incluindo sindicatos e universidades, a deixarem sua plataforma como forma de protesto.
Em uma conversa ao vivo no X na quinta-feira, Musk reiterou seiu apoio ao AfD, um partido anti-imigração e anti-islâmico rotulado como extremista de direita pelos pelos serviços de segurança alemães. A posição de Musk em relação ao AfD causou consternação em Berlim.
O porta-voz do governo negou que as preocupações com a X estivessem ligadas ao envolvimento de Musk na política alemã, dizendo que cabe a Bruxelas decidir se a X está cumprindo a lei no período que antecede as eleições.
md (KNA, DPA, Reuters)