A União Europeia (UE) abriu o caminho para a imposição de tarifas de até 35,3% sobre veículos elétricos importados da China, uma medida que potencialmente pode resultar numa guerra comercial prolongada com o gigante asiático.
A votação entre os 27 Estados-membros do bloco ocorreu após uma análise antissubsídios de um ano realizada pela Comissão Europeia, que propôs as tarifas para combater o que considera subsídios chineses injustos.
Países como França, Itália, Grécia e Polônia deram sinais de que apoiariam as tarifas. Contudo, a Alemanha, juntamente com Hungria, Malta, Eslováquia e Eslovênia, votou contra a proposta, segundo informou a emissora pública alemã Deutschlandfunk.
A Comissão Europeia decidirá a partir de agora se os impostos de importação entrarão em vigor já no início de novembro. O Executivo do bloco europeu disse que continuaria as negociações "para explorar uma solução alternativa que teria que ser totalmente compatível com a Organização Mundial do Comércio (OMC), adequada para lidar com os subsídios prejudiciais estabelecidos pela investigação da Comissão, verificável e executável".
Alemanha e Espanha se opõem
A Alemanha, a maior economia do bloco e grande produtora de automóveis, expressou fortes objeções à imposição de tarifas, temendo prejuízos a suas automobilísticas, que dependem muito do mercado chinês.
A Volkswagen criticou as tarifas, dizendo que esta seria a "abordagem errada".
A Associação Alemã da Indústria Automotiva (VDA) chamou a votação de "mais um passo para longe da cooperação global". A presidente da entidade, Hildegard Müller, pediu que ambos os lados evitem uma escalada e "idealmente, parem com as tarifas, para evitar o risco de uma guerra comercial".
As tarifas aprovadas variam de 7,8% para empresas estrangeiras como a Tesla, que fabrica veículos na China, a até 35,3% para empresas chinesas que supostamente não cooperaram com a análise da Comissão Europeia. As tarifas são adicionais ao imposto de importação padrão de 10% da UE sobre automóveis.
A agência de notícias Reuters apurou que o ministro da Economia espanhol, Carlos Cuerpo, escreveu ao vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, pedindo que as negociações fossem mantidas abertas após a votação, ao invés de simplesmente impor as novas tarifas.
"Proteger as montadoras europeias"
A Comissão Europeia, que supervisiona a política comercial do bloco, argumenta que as tarifas são necessárias para proteger as automobilísticas europeias da concorrência desleal, já que as competidoras chinesas se beneficiam de vultuosos subsídios estatais.
Os Estados Unidos e o Canadá anunciaram tarifas de 100% sobre os veículos elétricos chineses, o que tornou a UE um mercado lucrativo para esses automóveis.
Pequim se opôs às tarifas, acusando-as de serem "protecionistas" e ameaçando medidas retaliatórias. A China já iniciou análises sobre as importações europeias de conhaque, laticínios e produtos de carne suína, sinalizando medidas reativas.
A Comissão Europeia demonstrou estar disposta a continuar as negociações com a China e disse levar em conta o estabelecimento de um preço mínimo de importação para veículos elétricos.
rc (AFP, Reuters)