A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou nesta sexta-feira (08/03) a criação de um corredor marítimo para o envio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza a partir do Chipre, como parte dos esforços internacionais para trazer alívio à crise no enclave palestino. As entregas devem começar ainda neste fim de semana.
A União Europeia (UE) realizará um teste inicial, com o apoio dos Emirados Árabes Unidos, com a entrega de uma carga de alimentos que poderá deixar o Chipre ainda nesta sexta-feira.
"Lançamos o corredor marítimo do Chipre em conjunto: a União Europeia, os Emirados Árabes Unidos e os Estados Unidos" disse Von der Leyen, após visitar instalações em Lamaca, no Chipre. "Estamos muito próximos de abrir esse corredor, espero que entre o sábado e o domingo, e estou muito feliz em ver um teste inicial a ser lançado ainda hoje."
Von der Leyen fez o anúncio um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ordenar as Forças Armadas americanas a facilitarem a construção de um porto temporário em Gaza para permitir a entrega de alimentos.
Os envios aéreos organizados pelos EUA não têm sido suficientes para abastecer a população de 2,2 milhões, ameaçada pela fome e por uma grave escassez de recursos após cinco meses do conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas.
Autoridades americanas afirmaram nesta sexta-feira que a construção de um píer poderá levar semanas. Biden não indicou onde o porto temporário será instalado, mas garantiu que soldados americanos não participarão da operação.
Nesta sexta-feira, cinco palestinos morreram e dez ficaram feridos após o paraquedas de um pacote de ajuda humanitária lançado por um avião americano não abrir e atingir uma casa no campo de refugiados de Al-Shati, na região costeira do enclave.
Agências defendem acesso por terra
Contudo, agências humanitárias avaliam que as discussões sobre envios aéreos ou marítimos podem acabar tirando a atenção do fato de que Israel restringe o acesso de ajuda humanitária por terra através de rotas já existentes.
"Há um modo mais fácil, mais eficaz de levar assistência, que é através das estradas que ligam Israel a Gaza", afirmou Juliette Touma, porta-voz da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA).
Michael Fakhri, representante especial da ONU para o direito à alimentação, avaliou como um "absurdo em termos humanitário, internacional e de direitos humanos" o fato de Washington discutir novas e complicadas rotas para chegar a um território bloqueado por seu próprio aliado.
Gaza vem sendo alvo de pesados bombardeios israelenses desde os ataques terroristas do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, que mataram em torno de 1.200 pessoas. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, os ataques israelenses mataram mais de 30.000 palestinos.
Hamas pressionado por cessar-fogo
As negociações para um cessar-fogo continuam em meio a um impasse, enquanto os mediadores do Egito e do Catar tentam avançar nas conversações para uma trégua antes do início do Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos, neste domingo.
Os negociadores do Hamas deixaram as negociações realizadas no Cairo consultarem a liderança do movimento no Catar. Contudo, o embaixador americano em Israel, Jack Lew, assegura que o processo não foi rompido.
Gadi Eisenkot, membro do gabinete de guerra israelense, avalia que o Hamas está sob forte pressão para apresentar uma contraproposta que viabilize uma pausa no conflito.
rc (AFP, Reuters)