O governo da Ucrânia convidou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para visitar a cidade de Kiev, capital do país, nesta terça-feira (18). Em publicação nas redes sociais, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Oleg Nikolenko, deseja que o petista entenda “as reais causas e essência da agressão russa e suas consequências para a segurança global".
O convite é feito após declarações de Lula relacionadas à guerra na Ucrânia durante viagem oficial à China e aos Emirados Árabes Unidos. Na ocasião, o petista disse que a construção da guerra foi mais fácil do que a saída do conflito porque “a decisão foi tomada por dois países”. Ele ainda disse que tanto Putin quanto Zelensky não tomam a iniciativa de cessar-fogo.
“A Ucrânia está assistindo com interesse os esforços do presidente do Brasil para encontrar uma solução para acabar com a guerra. Ao mesmo tempo, a abordagem pela qual a vítima e o agressor são tratados na mesma escala de pesos, e os países que ajudam a Ucrânia a defender-se contra a agressão mortal são acusados de incentivar a guerra”, disse Oleg Nikolenko.
Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Kiev não precisa ser “convencida de nada” e a guerra causa sofrimento e destruição indescritíveis. “Mais do que ninguém no mundo, nos esforçamos para acabar com a agressão russa com base na Fórmula da Paz proposta pelo presidente Volodymyr Zelensky”, pontuou.
Repercussão da fala de Lula
A Casa Branca criticou o Brasil, nesta segunda-feira (17), após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmar, durante viagem à China, que os Estados Unidos estão encorajando a guerra na Ucrânia.
Em conversa com jornalistas, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, disse ser “profundamente problemático” como o Brasil abordou essa questão. Ainda disse que o Brasil está repetindo a propaganda russa sem observar os fatos.
No domingo (17), em coletiva de imprensa em viagem aos Emirados Árabes Unidos, Lula disse que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, não tomam iniciativa de paz. “Europa e os EUA terminam dando a contribuição para continuação desta guerra", afirmou Lula.
Kirby ainda destaca que os EUA querem o fim do confronto e que isso poderia acontecer agora se Putin parecesse atacar a Ucrânia e retirasse as tropas.
Brasil reforça pedido de cessar-fogo
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, recebeu nesta segunda-feira (17) o chanceler da Rússia, Sergey Lavrov, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, e reforçou o pedido do Brasil por um cessar-fogo imediato russo na Ucrânia.
“Reiterei nossa posição em favor de um cessar-fogo imediato, de respeito ao direito humanitário, de uma solução negociada com vistas para uma paz duradoura que contemple as preocupações de ambos os lados”, disse o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
Durante a entrevista coletiva após a reunião, Mauro Vieira disse que reafirmou a disposição brasileira para facilitar a formação de um grupo de países amigos para mediar as negociações entre Rússia e Ucrânia.
"Renovei a disposição brasileira para contribuir para a solução pacífica para o conflito, recordando as manifestações do presidente Lula no sentido de buscar facilitar a formação de um grupo de países amigos para mediar as negociações entre Rússia e Ucrânia", acrescentou Vieira.
Zelensky já convidou Lula a visitar Kiev
Em conversa por vídeo em março, Zelensky lembrou que Lula já esteve em seu país (em 2004 e 2009), e convidou o presidente do Brasil para uma visita a Kiev. Lula manifestou disposição em atender o convite em um momento adequado, e retribuiu o convite, com o desejo que o retorno da paz facilite esses encontros.
Lula ressaltou que "o Brasil defende a integridade territorial da Ucrânia" e que por isso votou favoravelmente a recente resolução da ONU. Citou ainda conversas com os lideres da França, Alemanha e EUA nesse sentido e sua disposição de conversar igualmente com a China em sua visita a Pequim e também de conversar com a Rússia.
Os dois líderes ficaram de conversar novamente em um futuro próximo.