Ucrânia confirma ataque à frota russa na Península da Crimeia

Míssil atinge sede da Marinha russa no território no Mar Negro anexado ilegalmente por Moscou e disputado pelos dois países. Kiev intensifica frequência dos ataques a alvos militares na região e obtém ganhos importantes.

Por Deutsche Welle

A Ucrânia realizou nesta sexta-feira (22/09) um ataque à sede da frota naval da Rússia no Mar Negro, deixando um edifício em chamas e pelo menos um militar russo desaparecido, segundo informações de ambos os lados no conflito.

Ao menos um míssil ucraniano atingiu instalações militares russas na cidade de Sevastopol, na Península da Crimeia, ao mesmo tempo em que um ataque cibernético de grandes proporções interrompeu os serviços de internet na região.

O comando militar ucraniano informou em nota que suas forças "atacaram com sucesso a sede da frota russa no Mar Negro na cidade temporariamente ocupada de Sevastopol", sem, no entanto, fornecer maiores detalhes.

"Tínhamos prometido que haveria mais ataques", afirmou o comandante da Força Aérea ucraniana, tenente-coronel Mykola Oleschuk, em mensagem nas redes sociais, na qual agradeceu aos pilotos. Ele também postou um vídeo de um edifício em chamas com sirenes soando ao fundo.

O Ministério da Defesa da Rússia confirmou o ataque e acrescentou que suas defesas antiaéreas abateram cinco drones ucranianos. O governo local instaurado por Mosocu após a anexação alertou a população para que evitasse a região central de Sevastopol, onde está localizado o edifício da Marinha russa, enquanto equipes de bombeiros trabalhavam no local para conter o incêndio. O governador Mikhail Razvozhayev informou que não houve vítimas civis ou danos à infraestrutura da cidade.

Território disputado

A Península da Crimeia foi anexada ilicitamente pela Rússia em 2014. Um dos maiores objetivos de Kiev no conflito com as forças do Kremlin é a reconquista da região, que era parte integral de seu território.

A Crimeia é utilizada pelos russos como ponto de apoio fundamental para sua guerra de agressão na Ucrânia, especialmente no tocante às operações da Marinha.

Kiev vem aumentando nas últimas semanas a frequência dos ataques às instalações russas na Península e obtendo ganhos importantes, enquanto sua contraofensiva avança lentamente no leste e no sul do país.

O think tank americano Instituto para o Estudo da Guerra informou que imagens de satélite recentes comprovam que ataques ucranianos danificaram gravemente um centro de comunicações em Verkhnosadove, nos arredores de Sevastopol.

As autoridades de Sevastopol acusam Kiev de estar por trás do ataque à Crimeia de 13 de setembro, o maior em semanas, que danificou dois navios russos num estaleiro considerado estratégico e causou um incêndio.

Dois dias antes, a Ucrânia alegou ter reconquistado plataformas estratégicas de gás natural e petróleo no Mar Negro, tomadas pela Rússia em 2015. Essas estruturas seriam utilizadas pelos russos como instalações de guerra eletrônica e para o lançamento de helicópteros. Kiev afirma que a recaptura desses locais poderá ajudar na reconquista da Crimeia.

Zelenski no Canadá

Analistas avaliam que para os ucranianos é fundamental a continuidade das ações contra alvos russos na Crimeia, que contribuem para abalar a confiança das tropas russas e enfraquecer o inimigo.

Nesta quinta-feira, a Rússia bombardeou várias cidades em diferentes regiões da Ucrânia com mísseis e artilharia, fazendo pelo menos cinco vítimas.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, se reuniu em Washington com seu homólogo americano, Joe Biden, que encaminhou um novo pacote de ajuda a Kievde 24 bilhões de dólares, apesar da resistência de congressistas da ala mais à direita do Partido Republicano.

Zelenski chegou ao Canadá nesta sexta-feira, onde fez um pronunciamento ao Parlamento, como parte de seus esforços para dar novo impulso ao apoio dos parceiros ocidentais.

Na terça-feira, Zelenski pedira em discurso na Assembleia Geral da ONU que o mundo continue firme ao lado da Ucrânia contra o que chamou de "genocídio russo". Ele se reuniu com diversos líderes à margem do evento em Nova York, inclusive com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

rc/av (AP, Reuters)

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