Tina Turner foi um símbolo da superação das mulheres contra a violência doméstica. A cantora, que morreu aos 83 anos nesta quarta-feira (24), viveu um relacionamento de 16 anos repleto de abusos psicológicos, sexuais e agressões físicas por parte do marido, Ike Turner.
A diva e ‘Rainha do Rock n’ Roll' morreu no interior da Suíça, após passar por uma “longa doença”. Em 2018, a artista revelou que sofreu com espancamentos na época em que foi casada com Ike Turner, entre 1962 e 1978. Tina também contou que Ike chegou a jogar café quente no rosto dela em uma das agressões.
“A nossa vida juntos foi marcada por abuso e medo”, diz um trecho do livro. Ela também revelou que a gota d'água foi em 1976, quando apanhou e decidiu sair do hotel em que estava com apenas 36 centavos de dólar e fugiu. Tina passou um tempo escondida na casa de amigos até conseguir se divorciar, em 1978. Ike chegou a tirar bens da esposa e até ficar com direitos sobre composições, além de fazer Tina assumir dívidas por shows cancelados da dupla.
Com o fim do casamento e da dupla que catapultou Tina para o sucesso, a cantora precisou se reinventar. Apesar de demorar para se realocar no mercado pela falta de apoio e as diversas tentativas de Ike descredibilizá-la, Tina deu a volta por cima e emplacou o sucesso “What's Love Got To Do With It” em 1984. Além disso, ela foi imortalizada no cinema na participação em “Mad Max3 ”, em 1985 e pela participação na trilha sonora do filme, com “We Don't Need Another Hero”.
Enquanto Tina dava a volta por cima, Ike Turner viveu décadas de ostracismo após Tina Turner expor as agressões físicas a que Ike a submetia e pelo uso de drogas. Apenas nos anos 2000 é que o artista voltou à mídia, com os álbuns premiados “Here and Now” (2001) e "Risin 'With The Blues" (2006). Ele morreu em 2007, aos 76 anos nos Estados Unidos, vítima de uma overdose de cocaína.