Tesouro do mar: Por que o "vômito de baleia" das cachalotes vale tanto?

Âmbar cinza tem alto valor comercial e é usado para fazer as fragrâncias de perfumes durarem mais

Tania Valeria Gomes

Um pescador tirou a sorte grande quando, ao voltar de um dia de trabalho, se deparou com uma massa de 30 quilos sendo empurrada pela corrente na praia de Niyom, no sul da Tailândia. O âmbar cinza ou “vômito de baleia", ou como é conhecido popularmente, tem alto valor comercial por fornecer um álcool inodoro que é usado para fazer a fragrância de perfumes durarem mais.

O material é muito difícil de ser encontrado e o setor de perfumaria tem substâncias sintéticas para fazer as fragrâncias durarem mais. Mas marcas de luxo ainda utilizam o produto. O famoso perfume francês Chanel Nº 5, preferido de muitas celebridades, como Marilyn Moore, teria o âmbar cinza na sua composição.

O caríssimo “vômito de baleia” é conhecido assim pois acredita-se que seja o produto da regurgitação de cachalotes, um mamífero marinho da ordem dos cetáceos bastante confundido com baleias.

De acordo com o Museu de História Natural de Londres, as partes dos animais que as cachalotes comem e não são digeridas, como bicos e penas, costumam ser expelidas antes do processo de digestão. Mas quando não são digeridas, elas vão para o intestino das cachalotes, que produz uma massa gordurosa que envolve estes restos com a finalidade de proteger os órgãos internos do animal.

Existem divergências sobre como o âmbar cinza é expelido das cachalotes. Alguns cientistas defendem que a massa é regurgitada pelo animal; outros dizem que é, na verdade, matéria fecal. 

O cheiro característico do material retirado de carcaças da cachalotes é usado como indício por quem defende que o âmbar cinza seria, na verdade, o cocô da cachalote, e não o vômito.

As cachalotes estão espalhadas pelo mundo todo e o âmbar cinza, teoricamente, pode ser encontrado em diversas regiões do globo. Em fevereiro, um grupo de 35 pescadores do Iêmen encontrou âmbar cinza no estômago de um cadáver de cachalote. Eles conseguiram cerca de R$ 8 milhões com a venda do produto, que, não à toa, também é conhecido como tesouro do mar e ouro flutuante.

As primeiras evidências fossilizadas do produto datam de 1,75 milhão de anos. Além do uso em perfumes, o âmbar cinza também já foi utilizado como incenso e medicamento. Hoje, alguns países proíbem a comercialização de produtos retirados de certos animais, já outros permitem a venda do âmbar cinza por entenderem que se trata de material excretado naturalmente pelas cachalotes.

Narong Phetcharaj, o pescador que encontrou o “vômito de baleia” na praia do sul da Tailândia, ganha cerca de R$ 1,5 mil por mês como pescador. Agora, pode receber mais de R$ 7 milhões pelo âmbar cinza, segundo o jornal britânico "Daily Mail".

"Se eu conseguir uma boa oferta, vou me aposentar e dar uma festa para os meus amigos'', disse o pescador. Para ter certeza do que se tratava, Phetcharaj levou o âmbar cinza para a Prince of Songkla University, onde o produto foi autenticado por especialistas.

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