Seis meses após os devastadores terremotos na Turquia e Síria, cerca de 11 milhões de crianças ainda necessitam ajuda humanitária urgente, alerta o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
Os sismos de 6 de fevereiro de 2023, com magnitude de até 7.8 pontos, resultaram em pelo menos 50 mil mortos, e 214 mil prédios destruídos ou em estado precário, entre os quais mais de 2.100 escolas e 214 instalações de saúde. Nos três meses seguintes registraram-se ainda mais de 30 mil abalos secundários no sul e centro da Turquia e no norte e oeste da Síria.
Para 6,5 milhões de menores e suas famílias, permanece grande o risco de contrair moléstias transmitidas pela água, como a cólera; a insegurança alimentar aumentou em 10%; e exacerbaram-se os diversos riscos à integridade das criança, como trabalho infantil, casamentos forçados, danos psicossociais ou violência por motivo de gênero.
A Síria enfrenta uma das crises humanitárias mais complexas do mundo: cerca de 8,8 milhões, incluindo 3,7 milhões de crianças, foram afetados pelos sismos, agravando ainda mais a situação do país, já insustentável após 12 anos de conflitos.
Como relata em seu website, até a data o Unicef ajudou 2,5 milhões de indivíduos nas zonas sírias afetadas pelos abalos sísmicos, mas as necessidades humanitárias continuam a ser "enormes" e o financiamento é muito limitado. Assim, a organização lança um apelo para angariar 468,5 milhões de dólares para ajuda às crianças e suas famílias nas zonas afetadas.
Destruição e desabrigo na Turquia
Na Turquia, cerca de 4 milhões de menores continuam necessitando assistência humanitária, depois de mais de 300 mil edifícios terem sido danificados ou destruídos por terramotos, forçando 1,6 milhão de habitantes a viver em tendas ou abrigos improvisados.
Nos seis meses desde a catástrofe, o Unicef, em colaboração com o governo turco e seus parceiros, e outras ONGs, levou água potável a 1,4 milhão de atingidos e material de higiene e saneamento a 586 mil.
Além disso, 1 milhão de crianças receberam vacinas e serviços de imunização, 400 mil tiveram acesso à educação. O programa das Nações Unidas prestou também apoio psicológico a 518 mil crianças e seus responsáveis, entre outras realizações.
No entanto, as necessidades continuam a ser enormes. Segundo o Unicef, são necessários 64,7 milhões de dólares para continuar fornecendo à população material humanitário, ajudar as famílias a enfrentarem a escassez econômica e permitir que as crianças regressem à escola em setembro.
av (Lusa,ots)