Terremoto na Turquia: especialista explica razões para abalos serem devastadores

Tremor de 7,8 graus deixou mais de 2 mil mortos na região central do país e no noroeste da Síria

Por Luiza Lemos

Terremoto na Turquia: especialista explica razões para abalos serem devastadores
Terremoto deixa rastro de destruição na Turquia e Síria
Reuters

A Turquia e parte da Síria foram abaladas por um terremoto de 7,8 graus na escala Richter nesta segunda-feira (6). Mais de duas mil pessoas morreram e milhares estão desaparecidos até o momento. Prédios ruíram após os mais de 10 tremores seguidos do principal abalo, que foi o mais forte desde 1939 na região turca. 

O país tem um histórico de terremotos grandes por estar no encontro de três placas tectônicas que constantemente se movimentam na crosta terrestre. Basicamente, o país está na placa de Anatólia, África e Arábia, além do encontro de Anatólia com a placa da Eurásia. Essa configuração traz o potencial de tremores fortes, tanto, que em 2022, a Turquia registrou mais de 20 mil terremotos, segundo a Agência Nacional de Emergência do país (AFAD). 

Segundo o geofísico do Centro de Sismologia da USP, Bruno Collaço, a Turquia está em uma região tectônica bastante complexa. “Ela tem falhas de grandes quilômetros de extensão, comparadas até mesmo com a falha de San Andreas na Califórnia. O mecanismo que gera esses eventos na região são semelhantes, inclusive”, explica. 

O abalo principal, segundo Collaço, foi em uma profundidade de 18 Km, já uma das principais réplicas, foi de 10 Km. Para o geofísico, os terremotos foram rasos. “Quanto mais perto da superfície um terremoto ocorrer, mais potencial destrutivo ele tem. Esse fato somado ao horário em que ocorreu (de madrugada) e a alta magnitude é uma receita que acaba gerando catástrofes como essa”, analisa. 

A destruição, para o geofísico, pode ser ainda maior, já que réplicas são esperadas ao longo da semana. “Quem sabe ao longo do mês. Inclusive pode ocorrer um terremoto de magnitude até maior que o principal de 7.8. Não é possível prever”, pontua. 

O terremoto na Turquia pode gerar tsunamis?

Mais cedo, a Itália acendeu um alerta de tsunami logo após o terremoto, mas revogou o alerta após análise do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia do país. Para o geofísico Bruno Collaço, o estado de atenção do país não foi necessário. 

“Um tsunami é gerado por um terremoto quando ocorre um grande tremor no oceano, capaz de movimentar verticalmente uma grande coluna d’água. Esse não foi o caso deste tremor na Turquia”, explica. 

Apesar disso, Collaço pontua que o terremoto pode gerar deslizamentos de rochas e atividades vulcânicas, que podem gerar tsunamis. "Então não se pode dizer que o Mediterrâneo está totalmente livre deste fenômeno", pontua.

A Turquia não é o único país que sofre com abalos do tipo


Além da Turquia, os principais tremores do mundo, segundo Collaço, ocorrem ao longo da costa do Pacífico e em ‘zonas de subducção’. “As zonas ocorrem quando uma placa entra por debaixo da outra”, explica. 

Essas zonas estão no Chile, Japão e a costa oeste dos Estados Unidos. Já no Brasil, a situação é diferente. “Ocorrem tremores praticamente todas as semanas, mas eles possuem magnitudes muito mais baixas, perto de 2 e 3, e as pessoas nem ficam sabendo", tranquiliza. 

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