Temperatura mundial recorde de setembro alarma cientistas

Com seguidos recordes mensais de temperatura, 2023 caminha para ser ano mais quente já registado, de acordo com um relatório do Serviço de Mudanças Climáticas da UE

Por Deutsche Welle

Temperatura mundial recorde de setembro alarma cientistas
Onda de calor na Europa
REUTERS/Guglielmo Mangiapane/File Photo

O ano de 2023 está em vias de se tornar o mais quente da história, alertaram cientistas nesta quinta-feira (5). A previsão partiu de um relatório do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S) da União Europeia que também apontou um recorde de temperatura para o mês de setembro.

Segundo os pesquisadores, a temperatura global entre janeiro e setembro de 2023 foi 0,52ºC acima da média. Neste período, os termômetros também superaram em 0,05ºC a média observada nos primeiros nove meses de 2016, que detinha o recorde anterior.

Até o momento, a temperatura média global de 2023 é 1,40°C mais alta do que a média pré-industrial entre 1850 e 1900.

"O senso de urgência para uma ação climática ambiciosa nunca foi tão crítico", disse Samantha Burgess, vice-diretora do C3S, ressaltando que o lançamento do relatório ocorre apenas dois meses antes da Conferência do Clima da ONU (COP28) em Dubai.

De acordo com os cientistas, as mudanças climáticas causadas pela queima de combustíveis fósseis estão tornando o clima extremo, com ondas de calor e tempestades mais intensas e mais frequentes.

O que o relatório diz sobre o mês de setembro?

De acordo com o relatório, setembro de 2023 foi o setembro mais quente já registrado. A temperatura média do ar na superfície atingiu 16,38ºC – 0,93ºC acima da média mensal entre 1991-2020.

Os números divulgados pelo C3S alarmaram cientistas pelo mundo, como Zeke Hausfather, do projeto de dados climáticos da Berkeley Earth.

"Na minha opinião profissional de cientista do clima, setembro foi completamente insano", escreveu o pesquisador na plataforma X (ex-Twitter)

Mika Rantanen, pesquisador climático do Instituto Meteorológico Finlandês, também manifestou perplexidade: "Ainda estou lutando para compreender como um único ano pode dar um salto tão grande em relação aos anos anteriores."

O mês passado também registrou uma média de temperatura 0,5ºC mais alta do que o setembro mais quente até então, em 2020. Em 2023, o nono mês do ano foi cerca de 1,75°C mais quente do que a média de setembro do período pré-industrial, usado como referência.

"As temperaturas sem precedentes para a época do ano observadas em setembro – após um verão recorde – quebraram recordes de forma extraordinária", disse Burgess.

Descrevendo o mês como "extremo", a pesquisadora o creditou por empurrar 2023 para a "dubitável honra do primeiro lugar – a caminho de ser o ano mais quente [da história] e cerca de 1,4°C acima das temperaturas médias pré-industriais".

Setembro "mais úmido do que a média"

Na Europa, setembro não foi apenas o mais quente já registrado, mas também um mês com condições "mais úmidas do que a média" em muitas partes da costa oeste do continente, de acordo com o relatório.

Como exemplo, o documento citou as chuvas extremas na Grécia, associadas à Tempestade Daniel. O fenômeno climático também causou inundações devastadoras na Líbia, matando milhares de pessoas e destruindo em grande parte a cidade de Derna, no leste do país.

Outras áreas afetadas pela chuva na Europa incluem o oeste da Península Ibérica, a Irlanda, o norte do Reino Unido e a Escandinávia.

Além da Europa, alguns países latino-americanos, como Brasil e Chile, também sofreram com o que o relatório chamou de "eventos extremos de precipitação" em suas respectivas regiões sul.

Financiado pela UE, o C3S é implementado pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo em nome da Comissão Europeia.

Para suas descobertas, o serviço diz se basear em análises geradas por computador, medições de satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas em todo o mundo.

Papa Francisco alerta para "ponto de ruptura"

Na quarta-feira, o Papa Francisco já havia lançado um apelo à humanidade: "Com o passar do tempo, percebi que nossas respostas não têm sido adequadas, enquanto o mundo em que vivemos está entrando em colapso e pode estar próximo do ponto de ruptura", escreveu Francisco em uma atualização de sua encíclica de 2015, Laudato Si (Louvado sejas).

Batizado de Laudate Deum (Louvado seja Deus), o novo apelo de 13 páginas foi divulgado durante o sínodo de bispos e leigos de todo o mundo que acontece pelas próximas semanas no Vaticano para discutir questões fundamentais para o futuro da igreja, incluindo seu papel na proteção do meio ambiente.

ip (AP, Reuters,ots)

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