A viúva do guarda municipal e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu Marcelo Arruda chorou muito durante o enterro do marido assassinado pelo agente penal federal bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho durante a festa de aniversário de 50 anos do petista.
“Amor da minha vida, ele vai fazer muita falta”, disse Pâmela Suellen. “Gostaria que não fosse verdade. Todo esse ódio que surgiu em um lugar que só tinha alegria.”
Pâmela é policial e tentou evitar que o invasor atirasse contra Arruda. Ela chegou a mostrar o brasão de policial para Guaranho, mas este sacou a arma e atirou contra o aniversariante.
“Eu estava na linha de fogo e escutava muito tiro. Daí eu corri e fui para o carro pegar a minha arma. Mas quando voltei já tinha cessado do fogo.”
Pâmela aparece por três vezes nas imagens tentando acalmar e impedir que o agente federal atire no marido. A primeira vez ocorre às 23h41, logo após o bolsonarista manobrar o carro e, segundo a polícia gritar “Bolsonaro” em tom de provocação.
O guarda municipal pega um pedregulho e joga no carro de Guaranho. Em seguida, Pâmela se aproxima e conversa com o agente, que vai embora prometendo voltar.
Dez minutos depois, às 23h51, ele retorna, desce do carro e aponta a arma em direção ao aniversariante.
A mulher do guarda municipal pela terceira vez tenta impedir. É nesse momento que o guarda saca a arma e atira três vezes. Com os dois já feridos, a esposa de Marcelo vai até o carro e volta com uma arma. Ela chega a engatilhar, mas, segundo os investigadores, nenhum disparo foi efetuado da arma dela.
“Eu poderia ter feito diferente, mas no calor do momento você não sabe o que fazer”, disse.
Uma das linhas de investigação aponta que o atirador seria integrante da diretoria da associação onde foi feita a festa temática do PT. Segundo a polícia toda semana um membro faz uma espécie de ronda no local. Esse teria sido um dos fatores que levaram o agente até o local Não há histórico de desentendimento entre os dois.
O Ministério Público determinou que o Gaeco acompanhe as investigações. Pela manhã, o promotor Tiago Lisboa pediu a prisão preventiva de Guaranho.
A Polícia Civil do Paraná também criou uma força-tarefa para apurar os fatos. A delegada de homicídios Iane Cardoso, que em um primeiro momento assumiu o caso, seguirá ajudando nas investigações, mas quem vai chefiar as ações é a delegada Camila Conecello da Divisão de Homicídios e Proteção a Pessoas de Curitiba.
O Partido dos Trabalhadores pediu à Procuradoria-Geral da República que a Polícia Federal investigue o caso.