Taiwan condena quatro militares acusados de espionar para a China

Entre os condenados estão três soldados encarregados da segurança do presidente, considerados culpados de repassarem informações para Pequim em troca de dinheiro. Processos como este cresceram 540% entre 2022 e 2024.

Por Deutsche Welle

undefined undefined

Quatro soldados taiwaneses, incluindo três membros de uma unidade encarregada da segurança do gabinete do presidente, foram condenados à prisão nesta quarta-feira (26/03). Eles foram considerados culpados de fotografar e vazar informações confidenciais para a China, informou um tribunal de Taipé

O quarto militar estava alocado no comando de informações telecomunicações do Ministério da Defesa. Todos foram condenados a penas de prisão que variam de cinco anos e 10 meses a sete anos por passar "informações militares internas que deveriam ser mantidas em sigilo para agentes da inteligência chinesa por vários meses", disse o tribunal.

Segundo a declaração, os réus trabalharam para "unidades extremamente sensíveis e importantes, mas violaram seus deveres ao aceitar subornos e roubaram segredos ao fotografar", disse a declaração. "Seus atos traíram o país e colocaram em risco a segurança nacional", continuou a corte.

Os crimes ocorreram entre 2022 e 2024. Segundo a justiça, os militares receberam pagamentos entre 7.850 dólares a 20.000 dólares (R$ 45 mil a R$ 115 mil). A natureza das informações vazadas não foi especificada.

Processos por espionagem

Os dois lados do Estreito de Taiwan têm espionado um ao outro há décadas, mas o número de pessoas processadas por espionagem para Pequim aumentou acentuadamente nos últimos anos. Os membros aposentados e em serviço das forças armadas de Taiwan são os principais alvos dos esforços de infiltração chineses, segundo dados oficiais.

A agência de inteligência de Taiwan informou anteriormente que 64 pessoas foram processadas por espionagem chinesa somente em 2024. Um aumento de 33% em comparação com os 48 identificados em 2023 e de 540% em relação aos 10 acusados pelo mesmo motivo em 2022.

No ano passado, por exemplo, oito pessoas, incluindo alguns oficiais da ativa, também foram condenadas em agosto a penas de prisão que variam de 18 meses a 13 anos por coletar informações para a China em troca de dinheiro.

Em setembro, um ex-instrutor da força aérea foi condenado a 17 anos de prisão por "ajudar o inimigo" e entregar segredos militares à China.

Neste mês, o presidente de Taiwan, Lai Ching-te, anunciou planos para reintegrar juízes militares para julgar casos de espionagem chinesa e outros delitos envolvendo membros do serviço militar do país.

A China reivindica a ilha autogovernada como parte de seu território e ameaça usar a força para colocá-la sob seu controle. Mas os analistas alertaram que a espionagem é um problema maior para Taiwan, que enfrenta a ameaça de uma invasão chinesa. Diversos países e blocos, como a União Europeia, não reconhecem a ilha como uma nação soberana e independente.

gq (afp, dw, ots)

Tópicos relacionados

Mais notícias