O cronograma de implementação do Novo Ensino Médio ficará suspenso pelos próximos 60 dias. O ministro da Educação, Camilo Santana, fez a determinação nesta terça-feira (4).
A adaptação desse novo currículo ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para 2024 também segue a suspensão. Saiba mais no vídeo acima.
- O prazo é para que haja um debate mais amplo sobre as mudanças.
- Há uma consulta pública aberta pelo menos até início de junho. Audiências, oficinas de trabalho, pesquisa nacional e seminários estão em curso nos 26 estados e no Distrito Federal, para ouvir estudantes, professores e gestores escolares.
- Implementado em 2017, durante governo de Michel Temer (MDB), o novo ensino médio foca nas áreas de conhecimento da preferência do aluno e na formação técnica e profissional.
- Por conta da pandemia, o cronograma atrasou e começou a ser colocado em prática no ano passado.
- Especialistas criticam o novo currículo e pedem a volta das diretrizes curriculares de 2012.
- Em março, organizações estudantis realizaram protestos pedindo a revogação do Novo Ensino Médio.
- O ministro da Educação afirmou ser contra a revogação total das mudanças.
O que muda com a suspensão do novo ensino médio?
O Enem deste ano segue o mesmo - ainda que não houvesse a suspensão, a prova de 2023 não consideraria o novo currículo. O que está em discussão é se as mudanças serão implementadas no exame do ano que vem.
O debate segue em aberto até o fim da consulta nacional, que se estende até o começo de junho, com possibilidade de ser prorrogada.
Nada muda para as escolas que já promoveram as adaptações no currículo. O ano letivo já está em andamento e 2023 corresponde à implantação do Novo Ensino Médio para alunos do segundo ano.
A suspensão vale para as instituições de ensino que ainda não iniciaram as mudanças. Estas não precisam entrar no processo até que termine a consulta pública.
Em entrevista para BandNews FM na segunda-feira (3), Santana anunciou que já está em curso a contratação de uma pesquisa nacional para avaliar as mudanças do Novo Ensino Médio.
O processo de contratação por licitação vai selecionar um instituto nacional para ouvir professores, alunos, pais e responsáveis em busca de alternativas para a educação.
O ministro, no entanto, não se comprometeu com um prazo para o início da pesquisa, mas disse trabalhar para que a avaliação seja feita o mais rápido possível.
O que é o Novo Ensino Médio?
O Novo Ensino Médio foi aprovado em 2017, no governo do então presidente Michel Temer.
O cronograma de implementação foi elaborado pelo ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que comandou a pasta durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
- Pela proposta aprovada em 2017:
As escolas passam a oferecer 5 horas diárias de aulas. - A grade é dividida em 60% de conteúdo obrigatório, como biologia, física, geografia, literatura
- E 40% de disciplinas chamadas de itinerários formativos, o caso de matemática, linguagens, ciências humanas e ciências da natureza.
Inicialmente, o governo Lula cogitou a revogação do projeto, mas era necessária a aprovação dessa proposta pelo Congresso Nacional.
Santana se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e convenceu o petista a não revogar totalmente a medida, mas somente suspender por um período.
Além disso, confirmou que a comissão criada para discutir o assunto vai entregar uma saída nos próximos dois meses. Para ele, não houve um diálogo aprofundado do assunto, principalmente com os governos estaduais.