Há 70 anos, em 24 de agosto de 1954, o então presidente tirou a própria vida em meio à pior crise enfrentada em seus anos de atuação política. Uma reunião com os ministros no Palácio do Catete varou a madrugada e decidiu que Getúlio se afastaria do governo por três meses para dar lugar ao vice, Café Filho.
Após o fim da discussão, já com o dia claro, o político se recolheu ao seu aposento. Por volta das 8h35, o barulho de um tiro ecoou pelo palácio.
"Getúlio estava deitado, com meio corpo para fora da cama. No pijama listrado, em um buraco chamuscado de pólvora um pouco abaixo e à direita do monograma GV, bem à altura do coração, borbulhava uma mancha vermelha de sangue.
O revólver Colt calibre 32, com cabo de madrepérola, estava caído próximo à sua mão direita". É assim que o biógrafo Lira Neto descreve o cenário da morte de Vargas no terceiro volume da série Getúlio.
A carta-testamento de Getúlio Vargas, que seria lida durante aquele dia pelas rádios em todo o território nacional, foi encontrada em um envelope, encostada ao abajur da mesinha da cabeceira da cama do então presidente.
Nos apontamentos do biógrafo, o texto, originalmente esboçado por Getúlio, teve sua versão final passada na máquina de escrever pelas mãos de um amigo, José Soares Maciel Filho, já que o ex-presidente não sabia datilografar.
Governos Vargas: Golpes e volta democrática
Getúlio Vargas chegou ao poder na liderança do movimento que ficou conhecido como Revolução de 1930. O político gaúcho exerceu o governo no país de forma ininterrupta até 1945.
De 1930 a 1934 ele foi chefe do governo provisório. Em 1934 foi eleito presidente da República pela Assembleia Nacional Constituinte e exerceu o Governo Constitucional até 1937, quando, por meio de um golpe, instaurou a ditadura do Estado Novo, que durou até 1945.
Retirado do comando do país também por um golpe militar, se recolheu à cidade natal, São Borja (RS), de onde articulou a volta ao poder pela via democrática nas eleições presidenciais de 1950, cujo mandato não conseguiu completar.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio 24 horas por meio de atendimento telefônico, feito por voluntários. O número é o 188.