O presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, disse em entrevista à BandNews TV que os estudos apresentados da vacina Sputinik V não detalhavam possíveis riscos futuros à capacidade de reprodução de quem recebesse o imunizante. "Os gametas feminino e masculino, as ações sobre esses gametas, não estavam documentadas" afirmou.
Na última terça (27), a Anvisa negou a importação do imunizante russo contra a Covid-19 após pedido de 10 Estados. O principal motivo da recusa teria sido a presença de adenovírus replicante nas vacinas, o que poderia gerar outras doenças nos pacientes.
A recomendação da agência gerou um intenso debate, mas foi apoiada pela maioria da comunidade científica no Brasil.
Fundo russo que financia a vacina Sputnik V afirmou que a decisão era política e ameaçou processar a Anvisa por difamação.
O que não é de alto nível é como em primeira resposta a um questionamento científico uma agência reguladora receber ameaças
"O que não é de alto nível é como em primeira resposta a um questionamento científico uma agência reguladora receber ameaças. Ameaças de processo no Brasil, de processo no exterior, acusações em rede social de ser disseminadora de fake news e até a acusação de ser uma agência mentirosa", criticou Barra Torres.
Butanvac e CPI da Covid
Barra Torres se mostrou animado para depor na CPI da Covid e disse que está ansioso para fazer esclarecimentos aos senadores. Ele vai ser ouvido na próxima quinta-feira (6).
O presidente da Anvisa também elogiou o Instituto Butantan e disse que está otimista para a liberação da primeira vacina 100% brasileira: "Temos muita esperança que de fato a Butanvac venha a ser mais uma vacina aprovada pela Anvisa. Já temos 5 vacinas aprovadas e esperamos que em breve também tenhamos essa que será a primeira vacina genuinamente, inteiramente, nacional".
Temos muita esperança que de fato a Butanvac venha a ser mais uma vacina aprovada pela Anvisa
Doria anunciou na última quarta-feira o início da produção da Butanvac e a previsão de entrega de 18 milhões de doses até junho. O imunizante, entretanto, teve negada pela Anvisa a autorização para testes clínicos em humanos e tem um longo caminho até sua completa aprovação.