O governo de São Paulo reservou doses da Coronavac, do primeiro lote de vacinas, para garantir que todos os vacinados até agora recebam as duas aplicações necessárias no intervalo de no máximo 28 dias para a imunização prevista nos estudos de eficácia. As informações são de Narley Resende, da BandNews FM.
Em entrevista exclusiva à rádio, o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou que a falta de garantia do governo federal de que vai adquirir 54 milhões de doses da Coronavac fez com que o governo estadual optasse por parar a vacinação com metade do estoque disponível.
Para o secretário, o ministério demonstrou que não poderá garantir as doses. “O ofício era assim: ‘eu posso usar essas doses que a gente está guardando? Vocês (governo federal) garantem que a gente vá ter as doses para essa população que já tomou a vacina?’. Não veio resposta nenhuma. Então, nós não fazemos nenhum movimento utilizando essas doses, que estão reservadas para quem já tomou, uma vez que eu não tenho a segurança e a resposta do próprio ministério se eu vou poder completar a imunização. Então nós guardamos essas doses e elas continuam guardadas de forma bastante criteriosa para ministrar para a população”, explica.
Diante da postura do ministério, Jean Gorinchteyn afirma que governadores, parlamentares e secretários de Saúde de todo o país ampliaram a pressão sobreo governo federal.
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Ele lembrou que na noite desta quinta-feira (28) governadores encaminharam carta ao presidente Jair Bolsonaro pedindo que o governo federal compre insumos farmacêuticos ativos (IFA) para a produção de 200 milhões de doses de vacina contra a Covid-19, capazes de imunizar metade da população do país.
A carta é assinada por Wellington Dias, governador do Piauí e coordenador da temática vacina no Fórum Nacional de Governadores, que reúne os chefes de Executivo dos 26 estados e do Distrito Federal.
Eles pedem ainda que, caso o governo não se comprometa com a compra do total de vacinas do Instituto Butantan, viabilize a opção de compra pelos estados.
No texto, os governadores cobram um cronograma completo do que se pretende comprar e entregar, assim como autorização para já usar doses entregues e que foram reservadas para a segunda aplicação da vacina. Isso desde que as próximas remessas cheguem a tempo da segunda dose dos que já foram imunizados.
Jean Gorinchteyn afirma que novas doses do primeiro lote serão distribuídas nesta sexta-feira (29). “Temos as 6 milhões de doses que já foram distribuídas. E temos 4,8 milhões que estão sendo produzidas e gradualmente, inclusive nesta sexta-feira nós teremos nova distribuição para todo o Brasil”, afirma.
Sem resposta do governo federal, essas doses devem ser estocadas para que sejam utilizadas na segunda aplicação.
De acordo com o secretário, no dia 3 de fevereiro o Instituto Butantan vai receber da China 5 mil litros dos insumos farmacêuticos ativos para produção suficientes para produção de 8.709.000 doses da Coronavac.
No entanto, essa produção, que conta com a expectativa de 1 milhão de doses por dia, deve ser iniciada plenamente 20 dias após o recebimento dos insumos. Portanto, o lote não poderá ser utilizado em tempo hábil como segunda aplicação no público já vacinado.
“Para o final de fevereiro temos previsão de muito mais doses. E assim vai chegando outras remessas de insumos, que ficaram atrasadas por tratativas até políticas com a própria China. Por intermédio do governador João Doria e outras lideranças foram feitas tratativas para desembaraçar esses entraves quase que diplomáticos. Dessa forma, logo teremos a produção de 1 milhão de vacinas por dia”, afirma.
O secretário de Saúde de São Paulo também esclareceu que os municípios têm autonomia de para dar continuidade na vacinação de outros grupos caso consigam imunizar antes todos os profissionais da saúde que atuam na linha de frente.
Ele ressaltou que a distribuição seguiu parâmetros do plano de vacinação contra a Influenza e que as doses foram distribuídas de forma proporcional.
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