O protesto em São Paulo que incendiou a estátua de Borba Gato esquentou no Brasil um debate internacional sobre a manutenção a homenagens feitas a personalidades controversas da história.
Junto com outros bandeirantes, como Raposo Tavares e Fernão Dias Paes, Borba Gato faz parte da formação histórica da cidade e do estado de São Paulo, com ruas e logradouros batizados com o nome dele.
Por atuação de bandeirantes é que os limites do Tratado de Tordesilhas foram alargados e a América Portuguesa cresceu.
Mas há registros de assassinatos, escravidão, genocídio e estupros de indígenas e negros nessas expedições.
Morto em 1718, Borba Gato foi homenageado com a construção da polêmica estátua de 10 metros de altura e 20 toneladas somente em 1963.
Para o sociólogo e professor Ricardo Costa Oliveira, o valor histórico de monumentos como esse pode ser preservado, mas não em condição de homenagem.
O cientista político Fernando Schüler, colunista da BandNews FM, acredita que o país, o estado e a cidade de São Paulo têm arenas constituídas para essa discussão.
Segundo o professor, independentemente da motivação do protesto que incendiou a estátua de Borba Gato, o debate sobre manter o monumento deve ser feito por meio dos mecanismos democráticos.
Um grupo denominado Revolução Periférica assumiu a autoria do ato e publicou nas redes sociais imagens do ataque.
A jornalista Aline Felix, que passava pela região da estátua no sábado (24), conta que viu um caminhão parar ao lado do monumento, quando o grupo de 10 a 15 pessoas descarregava pneus para iniciar o incêndio.
O caminhão, que estaria com a placa adulterada, já havia saído quando a polícia chegou. Nesse momento, o grupo passou a ser perseguido por policiais militares em motocicletas, mas conseguiu fugir.
Nesse domingo (25), a Polícia Civil identificou o caminhão, mesmo com a placa coberta, e prendeu um suspeito de participação no ato.
Após a prisão, a Justiça de São Paulo concedeu liberdade provisória ao suspeito detido.
A juíza Eva Lobo Jorge revogou a prisão em flagrante por considerar que os atos "não foram praticados com violência ou grave ameaça". O homem, no entanto, não pode deixar a cidade ou mudar de endereço.