Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, falou sobre as possibilidades da prefeitura em diminuir o valor do reajuste que devem sofrer as tarifas do transporte público na capital a partir de 2022.
Em entrevista presencial nos estúdios da Rádio Bandeirantes, nesta quarta-feira (15), Nunes diz que negocia com o Congresso e o governo federal, juntamente com outros prefeitos, duas alternativas: subsídio federal para o valor do diesel, por meio de um fundo, ou das gratuidades e benefícios oferecidos para idosos acima de 65 anos, deficientes e estudantes. Com a definição, ele não estipulou valores, mas pontuou que será possível definir qual o impacto do repasse aos usuários.
“Nos próximos dias, a gente vai definir se o governo federal ajuda, a gente vai poder segurar o aumento da tarifa ou dar um aumento menor. Agora, se o governo federal não ajudar, a gente não vai ter outra solução, os prefeitos serão evidentemente obrigados a repassar o custo para tarifa”, disse Nunes, justificando que o valor do combustível usado pela frota de cerca de 14 mil ônibus representa 20% do valor da passagem – o reajuste no diesel foi acima de 60% em 2021.
Segundo apurado pelo jornalista Marco Antônio Sabino, da Rádio Bandeirantes, a prefeitura de São Paulo recebeu um estudo e trabalha, neste momento, em reajustar a tarifa para um valor entre R$ 5 e R$ 5,30.
Programa finlandês para abrigar moradores de rua
A partir de janeiro, Nunes disse que vai pôr em prática um “cardápio de programas” visando combater o problema de pessoas em vulnerabilidade social que estão pelas ruas da capital, problema agravado pela crise econômica causada pela pandemia.
A experiência finlandesa, conhecida como Housing First, será uma das adotadas pela prefeitura, segundo ele. Serão feitas unidades habitacionais pré-moldadas de 12m³, para abrigar essas pessoas temporariamente. Também serão ampliados os serviços de aluguéis sociais (abrigo em quartos em hotéis alugados pela prefeitura). Além dessas alternativas, existe a possibilidade de um projeto que pode pagar um valor para famílias que reabrigarem parentes que foram viver nas ruas, seja por problemas familiares ou por doenças como o alcoolismo ou a drogadição.
“Nós estamos dispostos a pagar à família um valor durante doze meses para ele receber essa pessoa de volta da família. Se ele voltar para rua, aí não tem sentido, eu corto o benefício. É uma das opções”, disse o prefeito, que projeta que esse auxílio poderia chegar a um salário mínimo e teria o acompanhamento da assistência social.
Questão do Campo de Marte
Alvo de processo desde 1958, a área do aeroporto do Campo de Marte é terreno municipal, mas que foi ocupado pelo governo federal após a Revolução Constitucionalista de 1932. Segundo Ricardo Nunes, a questão tratada por ele como uma das prioridades de sua gestão, caminha bem para uma resolução e será pauta de um encontro dele com o presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda nesta semana.
“A minha proposta para o presidente é que a gente quite essa dívida de R$ 26 bilhões [da União] pela ação judicial. Fica bom para a União, fica com o aeroporto, não sei o que vai fazer daquilo, e a Prefeitura passa a deixar de pagar os R$ 250 milhões por mês”, detalhou a questão, que está tramitando na Câmara de Vereadores.
Sem pagar o valor mensal à União, a prefeitura teria mais R$ 9 bilhões por ano em caixa, que Nunes disse que podem ser investidos na área social, por exemplo. Em contrapartida, o governo poderia incluir o aeroporto em seu programa de concessões à iniciativa privada.