A Secretaria de Saúde do estado de São Paulo confirmou, nesta quarta-feira (1º), o terceiro caso de uma pessoa infectada com a variante ômicron da Covid-19 no Brasil. O diagnóstico foi dado a um passageiro que veio da Etiópia e desembarcou no aeroporto de Guarulhos no último sábado (25), quando testou positivo para Covid-19.
A amostra foi sequenciada geneticamente pelo Instituto Adolfo Lutz.
O homem de 29 anos foi testado no aeroporto, ao desembarcar no país, e não apresentava sintomas. Ele foi imunizado com as duas doses da vacina Pfizer.
Em isolamento domiciliar desde a testagem, o paciente está assintomático e sendo acompanhado pela vigilância do município de Guarulhos, onde ele reside.
Primeiros casos no Brasil
Inicialmente houve uma confusão sobre essa informação porque o casal não tinha registros de vacinação no Brasil. Mas agora foi explicado que, tanto o homem de 41 anos, quanto a mulher de 37 já tinham completado a imunização na África do Sul com a dose única da Janssen.
O casal, que reside na África do Sul, chegou ao Brasil a passeio no dia 23 de novembro e testou positivo pra covid-19 no dia 25, quando retornariam.
Atualmente, eles estão assintomáticos e em isolamento na zona leste da capital paulista, onde são monitorados por equipes de saúde da Prefeitura.
Mais três casos suspeitos de infecção pela nova variante estão sob investigação no Brasil: em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro e mais um em Brasília.
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Com o fechamento de fronteiras brasileiras para voos com passagens por seis países africanos, quase 300 brasileiros estão retidos no continente. O Ministério das Relações Exteriores diz que acompanha todos os casos.
“É importante salientar que o comportamento de um vírus pode ser diferente em locais distintos em virtude de fatores demográficos e climáticos, por exemplo. Aproveitamos para reforçar a importância da vacinação, principalmente aquelas 3,9 milhões de pessoas que ainda não tomaram a sua segunda dose, pois somente desta forma estarão totalmente protegidas”, destaca o Secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn.
O que se sabe sobre a nova variante da covid-19?
Cientistas fizeram um alerta sobre uma nova variante da covid-19 que tem um número alto de mutações e pode causar uma nova onda de infecções pela doença, já que ela poderia escapar dos sistema imunológico. Ela foi classificada como “preocupante” pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e ganhou um novo nome: Ômicron. A OMS resolveu nomear as novas cepas do Sars-cov-2 com letras do alfabeto grego. Ômicron é a 15ª letra.
Os primeiros casos da variante B.1.1.529 foram identificados em Botsuana em 11 de novembro. Três dias depois, o primeiro de vários casos do B.1.1.529 foi confirmado na África do Sul. Atualmente, a ômicron já está presente em quatro continentes --em alguns países, como no Brasil, entrou antes mesmo de ter sido anunciada pela OMS.
Ainda não há informações a possibilidade de a variante Ômicron apresentar uma mudança nos sintomas ou na gravidade da Covid. A médica sul-africana que identificou os primeiros casos de Covid-19 infectados pela nova cepa relatou que seus pacientes apresentaram sintomas incomuns, mas moderados, como fadiga intensa e pulsação alta.
Grande número de mutações
A Covid-19 evoluiu para se tornar mais contagiosa com o tempo. A variante alfa, detectada pela primeira vez no Reino Unido no ano passado, foi mais facilmente passada de pessoa para pessoa do que a versão original do Sars-Cov-2. A variante delta, posterior, era mais transmissível do que alfa.
Os cientistas ainda estão estudando a nova variante, mas eles já identificaram pelo menos 32 mutações na proteína spike, que é o alvo da maioria das vacinas já desenvolvidas e ponto chave que o vírus usa para invadir as células do corpo. Isso representa o dobro de mutações da cepa delta.
Considerado as variações das mutações, os cientistas prevêem que o vírus terá maior probabilidade de infectar --ou reinfectar-- pessoas.
"Essa variante parece se espalhar muito rápido. Em menos de duas semanas ela já domina as infecções," escreveu no Twitter Tulio de Oliveira, virologista brasileiro e diretor do Centro para Resposta Epidemiológica e Inovação (CERI, na sigla em inglês), da África do Sul.
Os cientistas estão preocupados com o número de mutações e com o fato de algumas delas já foram associadas a uma capacidade de escapar da proteção imunológica existente. Mas estas previões são teóricas, e laboratórios estão testando a eficácia com que os anticorpos neutralizam a nova variante.
O avanço da ômicron, com as taxas de reinfecção, e os sintomas que ela provocar também darão uma indicação mais clara sobre a extensão de qualquer alteração na imunidade. Os cientistas não esperam que a variante seja totalmente irreconhecível para os anticorpos existentes --consideram apenas que as vacinas atuais podem dar menos proteção.
Portanto, um objetivo crucial continua sendo aumentar as taxas de vacinação, incluindo terceiras doses para grupos de risco.