Número de mortos por causa da chuva em Petrópolis (RJ) passa de 100

A prefeitura decretou estado de calamidade pública no município nesta última terça-feira (15)

Por Marcus Sadok

Passa dos 100 o número de mortos em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, por causa da chuva. O Corpo de Bombeiros ainda não consegue dizer quantas pessoas estão desaparecidas. 

Mais de 20 pessoas foram resgatadas e mais de 439 estão desabrigadas. A cidade está em alerta máximo e funciona em Estágio Operacional de Crise. 

“É um cenário de guerra, de carro pendurado em poste. São mais de 400 bombeiros aqui trabalhando e homens da Defesa Civil. Já estamos pensando em um processo de reconstrução, ou seja, linha de crédito, reparo, e inclusive moradias populares”, afirmou o governador Cláudio Castro (PL). 

“O governo do estado vai resolver e não vai se repetir o que aconteceu em 2011. Se o estado tiver que colocar o dinheiro para fazer, vai fazer. Eu não saio daqui enquanto não tiver organizado o trabalho. O estado tem capacidade de investimento para fazer investimentos necessários e não depender de ninguém, ainda que toda ajuda seja preciosa e válida”, destacou Castro que também afirmou que conversou com o presidente Bolsonaro (PL) e com o ministro o Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho (PL).  

Vídeo: Entrevista com o governador Cláudio Castro

“São 44 pontos que o Corpo de Bombeiros estão trabalhando com as equipes de salvamento. Estamos montando um hospital de campanha e nossa equipe vai ficar aqui 24 horas trabalhando até voltar a normalidade”, disse o coronel Leandro Monteiro, comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado Rio de Janeiro.  

Vídeo: Entrevista com coronel Leandro Monteiro, comandante-geral do Corpo de Bombeiros

“A cidade se encontra devastada, um passivo do ponto de vista estrutural gigantesco. Uma situação muito difícil. Petrópolis já tinha sido vítima de muita chuva no mês de janeiro e agora veio essa chuva maior”, disse o prefeito Rubens Bomtempo (PSB) em entrevista exclusiva no 1º Jornal

O prefeito decretou luto oficial de três dias por conta das mortes registradas em função das fortes chuvas que afetaram a cidade, na última terça-feira (15).

Vídeo: Entrevista exclusiva do prefeito Rubens Bomtempo (PSB)

Na localidade conhecida como Morro da Oficina, no Alto da Serra, é estimado que 80 casas tenham sido afetadas. Em outras regiões, como 24 de Maio, Caxambu, Sargento Boening, Moinho Preto, Vila Felipe, Vila Militar e as ruas Uruguai, Whashington Luiz e Coronel Veiga, também há registros de alagamentos.

Um hospital de campanha vai ser instalado para o auxílio à população. 

Em um período de seis horas, o volume de chuva chegou a 259 milímetros. O índice está acima da média esperada para o mês, que seria de 238 milímetros.

Vídeo: Moradora relata desespero

Ainda há previsão de chuva para esta quarta-feira (16), que pode ter intensidade fraca a moderada. Equipes de hospitais foram reforçadas para o atendimento de vítimas. Agentes da Defesa Civil e de outras pastas, como Segurança e Ordem Pública, trabalham no apoio ao atendimento.

Maquinários das secretarias de Infraestrutura e Obras, das Cidades, do Ambiente e de Agricultura, além de equipamentos usados pela Cedae, serão levados ao município para ajudar na limpeza das ruas.

As localidades mais atingidas por deslizamentos foram: Quitandinha, Alto da Serra, Castelânea, Centro, Coronel Veiga, Duarte da Silveira, Floresta, Caxambu e Chácara Flora. Os alagamentos afetaram bairros como Alto da Serra, Corrêas, Centro e Mosela.

Veja imagens dos estragos

Equipes especializadas em Busca e Salvamento foram enviadas para reforçar o socorro, com apoio de viaturas do tipo 4x4 e botes. Oito ambulâncias extras foram empenhadas para atender no local. Ainda há previsão de envio de cerca de dez aeronaves das forças de segurança do Estado para auxiliar nos trabalhos.

Prefeitura decreta calamidade pública

A prefeitura decretou estado de calamidade pública no município nesta última terça (15). Durante a tarde e o início da noite de ontem, todas as sirenes instaladas em áreas de risco foram acionadas. Alertas de chuva forte e inundações pela cidade também foram emitidos pelo sistema de SMS, em avisos em veículos locais de comunicação, além de grupos de aplicativo de mensagem.

Na comunidade do Floresta, moradores foram orientados a realizar o acionamento do Sistema de Alerta e Alarme Alternativo por apitos. A população de áreas de risco foi sendo direcionada a pontos de apoio. O temporal provocou o transbordamento de como o Quitandinha e o Piabanha. A correnteza arrastou carros e assustou pessoas que estavam nas ruas.

Após relatos de moradores nas redes sociais sobre saques e até mesmo tiroteios em diversos trechos da cidade, batalhões da Polícia Militar de toda a Região Serrana reforçaram o policiamento e a coordenação do trânsito nas áreas afetadas. Além disso, o Batalhão de Choque da PM foi deslocado para atuar na preservação da ordem.

Durante a madrugada, no entanto, a Polícia Militar afirmou que não houve registro de arrastão e nem de saques nas lojas no Centro e que os vídeos que circulam pelas redes sociais estão sendo analisados. 

De acordo com a PM, as imagens mostravam pessoas em situação de rua que aproveitaram para recolher artigos que estavam na enchente. Em relação ao relato de tiroteio, a corporação afirma que um homem foi preso depois de ameaçar a cunhada com uma arma.

Segundo o presidente da Câmara Municipal de Petrópolis, Hingo Hammes (DEM), uma escola municipal no bairro do Alto da Serra foi um dos locais impactado pela chuva. Crianças que estavam na unidade foram atendidas em um pronto-socorro localizado ao lado do colégio. Ainda não há informações sobre o estado de saúde dos envolvidos.

Autoridades se manifestam

Durante a noite, o governador Cláudio Castro (PL), o presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano (PT), o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Leandro Monteiro, e outros secretários estaduais realizaram uma reunião para definir ações diante dos transtornos causados. O encontro, segundo Castro, serviu para definir as estratégias das autoridades estaduais e municipais para tentar reduzir os efeitos da chuva e auxiliar a população.

O Presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), prestou solidariedade e afirmou que já entrou em contato com diferentes ministros em busca de auxílio imediato às vítimas. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), também colocou toda a estrutura do município à disposição de Petrópolis.

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e o presidente Jair Bolsonaro visitarão a cidade nesta sexta-feira (18).

A informação foi confirmada pela assessoria do ministro ao BandNews TV.

Rogério Marinho disse ainda que o secretário da Defesa Civil do Governo Federal também vai a Petrópolis e que o presidente Jair Bolsonaro determinou a "mobilização de todos" no auxílio das vítimas.

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