Líder da bancada feminina no Senado, Simone Tebet (MDB-MS) explicou sua mudança de entendimento sobre a votação da PEC dos Precatórios, aposta do governo para financiar o Auxílio Brasil, onde acabou votando a favor da proposta, aprovada com mais de 60 votos em dois turnos na casa.
“Nós estamos no Senado agora correndo atrás do prejuízo e tendo, por exemplo, no meu caso, que votar uma PEC que a princípio tinha votado contra, que é uma PEC que era do calote. Mas eu acredito, eu resumo em uma única frase. Eu usei até tribuna para dizer isso ontem: Nós transformamos a PEC do calote na PEC da responsabilidade social”, justificou a senadora em entrevista para Agostinho Teixeira, no programa Manhã Bandeirantes, da Rádio Bandeirantes desta sexta-feira (3).
No texto aprovado pelo Senado, o relator Fernando Bezerra (MDB-PE) acolheu proposta de Tebet, que reduz que o prazo de vigência do valor máximo sem parcelamento dos precatórios (dívidas da União reconhecidas pela Justiça) de 2036 para 2026, além de tornar o Auxílio Brasil um programa permanente, para além de 2023.
“Votamos exatamente o que o governo não queria”, pontuou, relembrando que havia votado contra a proposta na Comissão de Constituição e Justiça e que, em sua visão, a PEC foi melhorada no Senado.
A parlamentar reiterou que sua decisão foi “uma escolha entre o ruim e o péssimo” e que a a articulação para aprovação da PEC que financiará o novo benefício “salvará vidas” das pessoas em situação de extrema pobreza. Para ela, a promulgação fatiada pode garantir que o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 400 comece ainda este mês.
“Foi uma escolha entre o ruim e o péssimo? Foi. O péssimo nós tiramos e colocamos algo um pouco mais razoável, porque era a única coisa que tínhamos. Infelizmente no Brasil, com esse governo, é isso”, completou, fazendo diversas críticas à condução do governo Bolsonaro no auxílio aos mais afetados na pandemia.
Como o texto foi modificado no Senado, ele terá que ser votado novamente na Câmara dos Deputados.
CPI da Pandemia
Depois de mais de um mês da entrega do relatório final da CPI da Pandemia, que pediu o indiciamento de 80 pessoas e empresas e atribuir nove crimes ao presidente Jair Bolsonaro na condução da pandemia, o procurador-geral da República, Augusto Aras, fez 10 pedidos de providências feitas pela comissão ao Supremo Tribunal Federal. Com isso, a senadora espera que as investigações avancem para punir eventuais culpados.
“Eu confio, repito, na Justiça, porque sei que essa pandemia no Brasil ela sofre da forma como foi conduzida, por omissão, omissão dolosa, teve a intenção de muitos agentes políticos”, afirmou relembrando as acusações de superfaturamento na compra de vacinas.