Silvio Santos não se aventurou apenas no mundo da mídia, das portas, perfumes e baús. O apresentador, que morreu aos 93 anos neste sábado (17), também tentou se lançar como político, na primeira eleição direta pós-ditadura militar, em 1989.
Na eleição em que Fernando Collor se saiu vencedor, Silvio Santos foi inscrito como candidato em outubro de 1989, pelo extinto Partido Municipalista Brasileiro, de centro-direita. Logo após o anúncio, pelo menos 18 pedidos de impugnação da candidatura e da cassação do partido surgiram no Tribunal Superior Eleitoral.
As eleições, que ocorreriam em 15 de novembro daquele ano, não assustaram Silvio Santos na época. Ele formalizou a candidatura faltando sete dias antes do prazo final para formalização das chapas. O vice dele seria Marcondes Gadelha, que foi deputado federal e senador pela Paraíba.
Em meio aos pedidos de impugnação da candidatura de Silvio Santos, pesquisas eleitorais da época mostravam que o apresentador atingiria o primeiro lugar com 29%, contra Fernando Collor, Luiz Inácio Lula da Silva e Leonel Brizola.
Mesmo com a popularidade, a candidatura de Silvio Santos foi impugnada por diversas questões. Uma delas foi a Lei Complementar nº 5/70, que considerava inelegíveis candidatos que tenham exercido cargo ou função de direção, administração ou representação em concessionárias, ou permissionárias de serviço público. No caso, Silvio era acusado de estar em funções administrativas no SBT.
Além disso, o partido de Silvio Santos não cumpria as exigências da Lei Orgânica dos Partidos Políticos, por não comprovar a realização de convenções regionais em nove estados e municipais em um quinto dos municípios brasileiros. Assim, o TSE considerou o PMB ilegal e a candidatura invalidada.
Eduardo Cunha foi principal ator da impugnação de Silvio Santos
Quem descobriu as falhas na candidatura do apresentador e no registro do partido foi a campanha de Fernando Collor, mais especificamente Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e membro da 'tropa de choque' do então candidato à presidência.
Eduardo Cunha descobriu o problema no registro do PMB e fez pedidos de impugnação da candidatura e a ilegalidade do partido, o que deu certo. Assim, ele ganhou a presidência da Telerj.
Candidatura passou por diversos problemas
Além das questões jurídicas da campanha, Silvio Santos passou por outro problema: como registrou a candidatura muito tarde, a propaganda eleitoral teve que passar por uma reformulação.
O TSE, que deixou as cédulas de papel prontas com antecedência, deixou registrado o nome de Armando Corrêa, antigo candidato do PMB. Em um dos vídeos mais lembrados da época da candidatura, Silvio aparece explicando a situação e mostrando que, se votasse em Corrêa, iria votar na realidade no apresentador.
Outra questão foi a própria propaganda, já que o Partido Democrático Trabalhista, o PDT, pediu a suspensão de propagandas do PMB por citar Corrêa, que não estava oficialmente inscrito. Propagandas de outros partidos também foram suspensas, por citar Silvio Santos.