"Sensação de morte", diz brasileira após terremoto na Turquia

Tremor de magnitude 7,8 na Escala de Richter atingiu o Centro-Sul do país

Da Redação, com BandNews FM

Brasileiras que moram em cidades próximas ao epicentro do terremoto que matou centenas de pessoas na Turquia e na Síria relatam momentos de pânico entre a noite de domingo (5) e a manhã desta segunda-feira (6). O forte terremoto, de magnitude 7,8 na Escala de Richter, atingiu o Centro-Sul da Turquia e o tremor alcançou também outros países da região.

Pelo menos 1,6 mil pessoas morreram na Turquia e na Síria, países mais afetados, de acordo com atualizações mais recentes. Ainda não há um número exato de vítimas.

A brasileira Eliana Monteiro Pereira, que mora na província turca de Hatay, contou à Rádio BandNews FM que foi acordada pelo tremor por volta das 4h17, hora local (22h17, hora de Brasília).

“No primeiro tremor a gente estava dormindo. Foi terrível e assustador. Tremeu tudo e as coisas começaram a cair. As telhas do meu quarto caíram, o lustre caiu. Eu e minha filha nos jogamos no chão. Meu marido veio correndo e se jogou na cama. Foram uns cinco ou dez segundos tremendo de tudo. Foi sensação de morte, terrível", conta a testemunha.  

A pedagoga não ficou ferida, mas descreve os danos que o imóvel dela sofreu e o medo pelo qual a família passou. Minutos antes de conversar com a BandNews FM, Eliana Pereira vivenciou um novo tremor secundário no posto de combustíveis onde estava com a família. No caminho entre a residência e o posto, a pedagoga relata a existência de um cenário de destruição.

"Nós saímos do nosso prédio e fomos de carro. [No caminho], assim, asfalto aberto, cena de filme. Estamos agora em um posto [de combustíveis]. Vários carros vindo abastecer. Agora está mais calmo. Perto do nosso prédio tinha um hotel muito grande, famoso e antigo. Metade dele desabou. Eu vi no mínimo uns 20 prédios em situação muito triste”, conta. 

A brasileira Rafaela Lopes mora em Adana, a 200 quilômetros de Gaziantep, cidade epicentro do terremoto, e foi acordada pelo tremor. Moradora da Turquia há dois anos, a dona de casa conta que muitos moradores do prédio dela já pareciam preparados para a catástrofe.

“Desci do meu prédio e tinha muita gente com mala. Na hora do desespero, todo mundo já sabe o que acontece. Já pegaram documentos e bagagens e ficaram dentro de carros em espaços públicos e praças da cidade”, diz. 

A Embaixada do Brasil em Ancara confirmou que há brasileiros entre os desabrigados na Turquia. Uma família - mãe e três filhos -, precisou sair de casa, mas passam bem.

O ministro-conselheiro da Embaixada do Brasil em Ancara, Marcelo Viegas, disse à BandNews FM que o consulado tem mapeado 350 brasileiros na Turquia e que não há indícios de que haja algum entre os mortos e feridos.

“A gente até agora não tem indicação de que haja brasileiros vitimados pela lamentável tragédia acontecida aqui na Turquia. Mas continuamos buscando mais informações. A gente sabe que há, a menos de uma centena de quilômetros de Gaziantepe, uma das cidades onde houve mais atingidos, um presídio onde estão dois brasileiros, mas as informações que temos até agora são de que não houve danos”, disse Viegas. 

Ele lembrou que a Turquia vive o momento mais severo do inverno, o que aumenta a precariedade da situação e dificulta a prestação de assistência aos desabrigados.

Magnitude

O epicentro foi registrado na região entre as cidades de Gaziantepe e Kahramanmaras, a uma profundidade de 10 a 24 quilômetros, segundo os serviços geológicos dos Estados Unidos e da Alemanha, que monitoram fenômenos do tipo em todo o mundo.

O terremoto aconteceu às 4h17 no horário local (22h17 em Brasília), e imagens publicadas nas redes sociais logo mostraram os primeiros efeitos de fortes tremores, com o desabamento de algumas construções. A transmissão da rede de TV estatal TRT mostrou moradores saindo às ruas sob neve para avaliar os estragos em alguns locais.

Esse foi o terremoto mais forte desde 1939 no país que fica entre várias placas tectônicas. Segundo relatos, o tremor durou mais de um minuto e meio e gerou dezenas de réplicas.

Também houve sismos secundários, cerca de dez minutos depois do primeiro, de magnitudes que chegaram a 6,7, segundo a agência Associated Press.

Autoridades de Diyarbakir afirmaram que 17 edifícios colapsaram e que há registro de pessoas presas nos escombros. Em Malatya foram mais de cem edifícios atingidos.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que pelo menos 912 pessoas morreram e mais de 5 mil ficaram feridas no país. 

Síria

Na Síria, de acordo com um vice-ministro da Saúde, pelo menos 248 pessoas perderam a vida e mais de 700 ficaram feridas em várias cidades. Em zonas controladas pelos rebeldes registaram-se, até ao momento, 147 mortos, de acordo com a organização humanitária Capacetes Brancos.

Os abalos foram sentidos também no Líbano e no Chipre, segundo correspondentes da agência France-Presse.

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