O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) defendeu a convocação de Marcelo Queiroga para novo depoimento na CPI da Pandemia no Senado após decisão do Ministério da Saúde em suspender a vacinação em adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades supostamente por interferência de Jair Bolsonaro (sem partido). Ele já apresentou um requerimento para que o ministro deponha na comissão pela terceira vez.
“Esse tipo de postura é incompatível com o que se espera de um ministro da Saúde. É a maior autoridade sanitária do Brasil. Ele precisa ter responsabilidade no que faz. Você não pode gerar um temor injustificado, inclusive com dados que são, no mínimo, distorcidos. A OMS, em nenhum momento, deixou de recomendar a vacinação de adolescentes. O que ela pede é que se respeite um critério de prioridades”, afirmou o senador em entrevista ao BandNews TV nesta sexta-feira (17).
Vieira apontou que o Brasil segue sem um coordenador no PNI (Plano Nacional de Imunização), desde que Franciele Fantinato foi exonerada do cargo, em julho de 2021.
Investigação da Prevent Senior e uso de remédios sem eficácia
O senador classificou que os dados que chegaram à CPI sobre a investigação à Prevent Senior, empresa de saúde acusada de promover o uso de remédios comprovadamente ineficazes para o tratamento da Covid-19 aos seus usuários, são “muito robustos”, com prints de mensagens e áudios. Para ele, a empresa usou seus pacientes como “cobaias” de um estudo realizado para testar a eficácia da hidroxicloroquina, associada à azitromicina, contra o coronavírus – mesmo com a comunidade científica não atestando eficácia a estes tratamentos.
“Isso tinha uma conexão direta com a presidência da República, porque o circuito que se fazia parece muito com o do documento falso do TCU [sobre suposta supernotificação de mortes]. Alguém prepara um documento. Esse suposto estudo é divulgado ou não, e o presidente rapidamente, junto com seus apoiadores, dá alcance digital. Então, milhões de brasileiros, ao longo de meses, ouviram que a Prevent Senior tinha uma solução milagrosa” analisou.
A informação consta em um dossiê recebido pela CPI com uma série de denúncias de irregularidades, elaborado por médicos e ex-médicos da empresa.
Em nota, a empresa disse que as denúncias são infundadas e que vai pedir ao Ministério Público a abertura de uma apuração.
O depoimento do diretor-executivo da Prevent Senior na CPI da Pandemia, Pedro Batista Júnior, deverá ser remarcado para a próxima quarta-feira (22).