O Senado Federal aprovou o requerimento que cria uma comissão para investigar o desaparecimento do jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira desde o último dia 5 de junho Vale do Javari, na Amazônia.
O pedido de criação da Comissão Externa Temporária foi apresentado em caráter de urgência pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) horas antes da votação.
Ao longo de 60 dias, também será investigado o aumento de casos de violência na Amazônia. Composta por nove membros titulares, a comissão servirá como subsídio para uma eventual CPI.
O senador Randolfe Rodrigues solicitou ainda que os membros da comissão sejam indicados no prazo máximo de 24 horas, em decorrência da urgência para apurar o caso.
Imprensa internacional acompanha buscas na Amazônia
O desaparecimento
As buscas por Phillips e Bruno entraram no 10º dia e contam com o apoio da Marinha, do Exército, da Força Nacional e das forças de segurança do Amazonas.
O servidor de carreira da Fundação Nacional do Índio (Funai) e o colaborador do Jornal The Guardian desapareceram no Vale do Javari, na Amazônia. Eles foram vistos pela última vez na tarde do domingo (5), segundo nota divulgada pela Univaja.
Bruno é indigenista especializado em povos indígenas isolados e conhecedor da região, onde foi coordenador regional por cinco anos. Já Dom Phillips é veterano de cobertura internacional e mora no Brasil há mais de 15 anos.
Segundo lideranças indígenas, o jornalista e o ativista estariam recebendo ameaças de garimpeiros que atuam de forma ilegal na região.
Busca pelos desaparecidos
Na última sexta-feira (10) , equipes de buscas do jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira encontraram o que definiram como "material orgânico, aparentemente humano" no rio Itaquaí, próximo ao porto de Atalaia do Norte, para onde iam os dois homens.
A Organização das Nações Unidas (ONU) criticou a operação de buscas do governo brasileiro ao jornalista britânico e ao indigenista. O Alto Comissariado para os Direitos Humanos da entidade vê as ações como “extremamente lentas”.
Há cinco anos, a ONU já alertava sobre a violência no Vale do Javari, região onde desapareceram Phillips e Bruno Araújo Pereira. A informação é do colunista internacional Jamil Chade, da BandNews TV.
Na sexta, em discurso na Cúpula das Américas, realizada em Los Angeles, nos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) citou Deus ao comentar as buscas pelos desaparecidos. Segundo ele, o governo faz uma "busca incansável". Já neste sábado, Bolsonaro declarou que foram encontradas partes de corpo humano em rio na região do Vale do Javari.
Em nota, o comitê de crise, coordenado pela Polícia Federal, informou que as buscas e o reconhecimento aéreo na região do rio Itaquaí continuam e que foi coletado material orgânico, “aparentemente humano”, que foi encaminhado para o Instituto Nacional de Criminalística da PF para análise.
“Não procedem as notícias que estão circulando nas redes sociais no sentido de que os corpos dos desaparecidos foram encontrados”, diz a corporação.
Autorização da Funai
Na quinta-feira (9), a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), afirmou que o documento estava assinado eletronicamente desde o dia 15 de maio. No entanto, por nota, a Funai afirma que essa informação é inverídica.
A Funai afirma ainda que "no caso do indigenista, foi emitida autorização em âmbito regional para que o indigenista ingressasse em terra indígena, com vencimento em 31/05/2022, sem o conhecimento dos setores competentes na Sede da Funai, em Brasília, o que será apurado internamente".