Discutir a democracia brasileira, nos últimos anos, passou a ser mais recorrente, em diversos segmentos: imprensa, universidades, organizações, entidades, etc. Em São Paulo, uma iniciativa promovida pelo Sesc Pompeia traz diversos pesquisadores e demais especialistas para debaterem o tema entre os dias 25 e 26 de julho.
A historiadora, professora e escritora Heloisa Starling, também curadora do seminário “Como Renasce a Democracia”, explicou a necessidade de se olhar para o passado como forma de entender a democracia. Para ela, a reunião de pessoas de diversas áreas do conhecimento é importante para debater como se quer a democracia no presente e futuro.
“A democracia, no Brasil, tem uma história muito bonita e muito antiga. Ela desembarca, no Brasil, no sentido moderno da democracia, no século XVIII, com a Conjuração do Rio de Janeiro. Depois, a Conjuração Baiana amplia o princípio da igualdade. Aí a imprensa democrática enraíza a ideia de liberdade nos primeiros 20 anos do século XIX. É uma história antiga, bonita, que está sempre impulsionada pela sociedade brasileira e que sofreu vários ataques”, comentou Starling, também mediadora das mesas de discussões no seminário.
Democracia nos territórios indígenas
O evento debate diversos subtemas ligados à democracia, a exemplo desse conceito visto a partir das comunidades indígenas. Uma das palestrantes, a escritora indígena Márcia Kambeba, explicou à Band que o simples ritual de comer pode ter ligações bem íntimas com a democracia dos povos originários.
“Quando vai ter uma reunião, as crianças são escutadas, os jovens são escutados, as mulheres, os anciões. Depois, no coletivo, a decisão é tomada. Isso já é a democracia. Quando a gente partilha todo o alimento, e ninguém come separadinho, escondido do outro. Todo o alimento é partilhado. Isso é democracia. Vivemos a democracia todos os dias dentro dos territórios indígenas”, disse Kambeba.
Promoção do bem-estar é democracia
Para os apoiadores do evento, pôr em prática o seminário “Como Renasce a Democracia” é promover o bem-estar. Quem disse isso foi o gestor cultural Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc, em entrevista à Band. Ele fez o discurso de abertura do evento.
“O Sesc é uma instituição criada para proporcionar um programa de bem-estar social, de qualidade de vida. Isso supõe um pensamento, um cultura, um modo de entender as coisas de uma maneira muito corajosa e igualitária. Ao fazer isso, está realizando o seu projeto. Qual é o projeto do Sesc? Fazer um programa de bem-estar. Portanto, estou falando de democracia”, analisou Miranda.
Na próxima quarta-feira (26), a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), juntar-se-á a uma das mesas para discutir o seguinte tema: “Democracia, mais que um regime político, é um modo de vida e uma conquista permanente”. A participação da magistrada será a partir das 18h, no Teatro do Sesc Pompeia.
Serviço
data: 25/07/2023 a 26/07/2023;
horários: 14h às 21h;
local: Teatro do Sesc Pompeia, Rua Clélia, 93.