Segunda onda de covid-19 derruba mercado brasileiro

Segunda onda de covid-19 derruba mercado brasileiro

Da Redação, com Metro Jornal

Números do mercado financeiro são vistos no painel da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo Cris Faga/Estadão Conteúdo
Números do mercado financeiro são vistos no painel da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo
Cris Faga/Estadão Conteúdo

O novo pico de contaminações pelo coronavírus na Europa derrubou ontem as bolsas em todo o mundo, afetando também o mercado brasileiro. Com receio de novos fechamentos nas economias, os investidores buscaram o tesouro norte-americano, considerado mais seguro.

Pesou ainda para a instabilidade a proximidade da eleição nos Estados Unidos, marcada para a próxima terça-feira, com cenário indefinido e dúvidas sobre possíveis judicializações. No Brasil, havia expectativa durante o dia do anúncio de uma nova taxa básica de juros, a Selic, mantida em 2% pelo Copom (Comitê de Política Monetária).

O resultado na Bolsa de Valores brasileira, a B3, foi forte queda de 4,25%, alcançando 95.368 pontos.

Já o dólar comercial registrou seu maior pico frente ao real desde maio, R$ 5,79, alta de 2%. Foi preciso intervenção do Banco Central com leilão de dólares no total de US$ 1,042 bilhão à vista. Mesmo assim, a moeda norte-americana fechou o dia em R$ 5,76, alta de 1,43%. Para o turismo, o dólar ficou em R$ 5,90.

O cenário externo que favorece a busca por investimentos menos arriscados deve continuar influenciando no valor do dólar, na comparação com o real.

A avaliação é do economista-chefe da Necton Investimento André Perfeito, entrevistado pela BandNews FM. Ele acredita que a moeda norte-americana pode fechar 2020 com cotação entre R$ 5,90 e R$ 6,00.

Outros países

os Estados Unidos, os principais índices das Bolsas de Nova York também registravam forte queda ontem, por volta das 14h: Dow Jones em 2,96%, Nasdaq 3,13% e S&P 500 em menos 2,93%. O cenário norte-americano foi influenciado também pelo anúncio de que não haverá novo pacote de incentivos econômicos até as eleições e por novos picos de covid-19 por lá.

A Europa teve recuos ainda mais acentuados. O índice pan-europeu STOXX 600 caiu 3%. Frankfurt teve queda de 4,17%, Paris de 3,37% e Milão, desvalorização de 4,06%. As empresas mais afetadas foram as do ramo da aviação, como  Lufthansa (-4,54%), Air France – KLM (-6,35%), e as de petróleo, a exemplo de Total (-3,53%) e Repsol (-3,11%).

DÓLAR ALTO INFLUENCIA O PREÇO DOS ALIMENTOS

A nova escalada do valor do dólar frente ao real é uma péssima notícia para o consumidor brasileiro já assustado com o preço dos alimentos.

O coordenador do índice de preços da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), Guilherme Renato Caldo Moreira, explica que os produtores de carnes e grãos preferem exportar que vender para o mercado interno, já que recebem bem mais em dólar. O resultado é a elevação dos preços por aqui. “As pessoas têm a falsa ideia de que dólar alto só afeta quem viaja para fora. É bem mais que isso. O que acontece é que você passa a disputar o alimento com o consumidor chinês, por exemplo, que leva a melhor por pagar em dólar.”

Ele afirma que o aço também é afetado pela desvalorização do real, o que deve impactar no preço de itens como geladeiras e fogões.

Moreira diz acreditar que a tendência é de preços ainda em alta até o fim do ano. “Há pouco espaço para políticas públicas em relação aos preços. O próprio mercado deve fazer ajuste. O comportamento racional é aumentar a produção.”

Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, destaca também impactos no consumo e investimentos. “A outra forma de impacto do dólar alto é o aumento da incerteza, que produz queda das decisões de gastos das empresas e das famílias. Dólar em alta derruba a confiança dos agentes.

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