Sala de concertos é alvo de ataque terrorista na Rússia

Imagens mostram homens em roupas camufladas atirando contra espectadores na região metropolitana de Moscou. Explosões foram registradas no local. Ação deixou dezenas de mortos e foi reivindicada pelo Estado Islâmico.

Por Deutsche Welle

Um grupo de atiradores abriu fogo contra o público de uma sala de concertos na região metropolitana de Moscou nesta sexta-feira (22/03). Segundo as autoridades russas, pelo menos 40 pessoas morreram e mais de cem ficaram feridas, incluindo crianças e adolescentes.

Segundo relatos da imprensa russa, um grupo formado por entre três a cinco homens armados em trajes camuflados atirou com fuzis automáticos contra o público de um show no Crocus City Hall, um auditório com capacidade para mais de 9.000 pessoas, que fica em um complexo comercial no distrito de Krasnogorsk, a cerca de 20 km da capital russa.

Uma banda chamada Picnic estava se preparando para se apresentar quando ocorreu o atentado. Os atiradores começaram a executar o ataque no hall de entrada da casa e, depois, invadiram o salão principal, de acordo com a agência de notícias Tass.

O local também foi palco de pelo menos duas explosões e foi tomado por chamas. Pelo menos 70 ambulâncias foram enviadas ao local do ataque.

Imagens de vídeo nas redes sociais mostraram uma grande nuvem de fumaça sobre o edifício, que também desabou parcialmente.

Em outros vídeos é possível ouvir uma grande quantidade de tiros sendo disparados, dentro e fora do auditório, enquanto um grande número de pessoas tenta fugir do local. Outras imagens mostram os atiradores disparando à queima-roupa contra pessoas que se aglomeram nas saídas da sala de concerto e vítimas espalhadas pelo chão.

Não ficou claro se a polícia conseguiu neutralizar os agressores.

Em uma conta no Telegram, o grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI) reivindicou o ataque, que ocorre poucas semanas depois de as autoridades terem realizado várias ações contra células terroristas islâmicas no país.

"Os combatentes do Estado Islâmico atacaram uma grande reunião de cristãos em Krasnogorsk, nos arredores da capital russa, Moscou, matando e ferindo centenas de pessoas e causando grande destruição no local antes de se retirarem para suas bases em segurança", disse o EI.

"Grande tragédia"

O prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, classificou o ataque como uma "grande tragédia".

"Os agressores presumivelmente abriram fogo na entrada do prédio durante um show, usando armas automáticas, e então começou um incêndio no prédio", disseram os serviços de emergência.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia descreveu o incidente como um "ataque terrorista sangrento". "Toda a comunidade internacional deve condenar esse crime odioso", disse a porta-voz da pasta, Maria Zakharova.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o presidente russo, Vladimir Putin, está recebendo atualizações regulares sobre o atentado.

Yulia Navalnaya, viúva do líder da oposição russa Alexei Navalny, expressou suas condolências às vítimas do ataque. "Condolências às famílias das vítimas. Todos os envolvidos neste crime devem ser encontrados e responsabilizados", escreveu ela na rede X.

A chefia da União Europeia, por sua vez, também afirmou que ficou horrorizada com ataque terrorista, escreveu o principal porta-voz do bloco para relações exteriores e política de segurança, Peter Stano, nas mídias sociais.

"A UE condena qualquer ataque contra civis", acrescentou. "Nossos pensamentos estão com todos os cidadãos russos afetados."

Ucrânia afirma não ter relação com ataque

O governo dos EUA, por sua vez, chamou o ataque de "terrível" e disse que não havia sinal imediato de qualquer ligação com a guerra na Ucrânia. "Não há nenhuma indicação, neste momento, de que a Ucrânia ou os ucranianos estejam envolvidos", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, a repórteres em Washington. "Eu os desestimularia, neste momento, qualquer conexão com a Ucrânia", disse.

O gabinete do presidente ucraniano Volodimir Zelenski disse que Kiev não tem "nada a ver" com o ataque.

"Vamos deixar claro que a Ucrânia não tem absolutamente nada a ver com esses eventos", disse o assessor presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak.

O atentado é o primeiro grande ataque terrorista registrado na Rússia desde o início da guerra de agressão lançada pelo Kremlin contra a Ucrânia, em 2022. Horas antes do atentado, a Rússia lançou um de seus maiores ataques com mísseis e drones contra a infraestrutura energética da Ucrânia. Autoridades ucranianas disseram que pelo menos dez regiões do país foram atingidas e que mais de 1 milhão de famílias ficaram sem eletricidade na manhã desta sexta.

EUA alertaram cidadãos a evitar aglomerações na Rússia

No início deste mês, os Estados Unidos emitiram uma série de avisos para que seus cidadãos não tomassem parte em aglomerações públicas na Rússia. Em 8 de março, a embaixada dos EUA em Moscou escreveu que estava "monitorando relatos de que extremistas têm planos iminentes de atacar grandes reuniões em Moscou, incluindo concertos, e os cidadãos dos EUA devem ser aconselhados a evitar grandes aglomerações nas próximas 48 horas".

Os avisos vieram logo após a Rússia ter relatado que havia frustrado um ataque planejado por um grupo afegão ligado ao Estado Islâmico. No dia 7 de março, as autoridades russas afirmaram que mataram vários membros de uma célula do grupo Estado Islâmico Khorasan (IS-K), um ramo do EI. Segundo as autoridades, o grupo planejava atacar uma sinagoga em Moscou.

Recentemente, as autoridades russas também realizaram uma série de incursões contra separatistas islâmicos armados na região da Inguchétia.

Histórico de atentados na Rússia

O ataque desta sexta-feira evoca o atentado terrorista contra um teatro em Moscou em 2002, quando terroristas tchetchenos tomaram 912 reféns durante a apresentação de um musical. No final, uma violenta operação de resgate por parte das autoridades com uso de gás resultou na libertação de centenas de reféns, mas também na morte de 132.

O último grande atentado em Moscou ocorreu em 2011, quando 37 pessoas morreram numa explosão no aeroporto internacional de Domodedovo. Na época, um grupo islâmico ligado à rede Al-Qaeda reivindicou a ação.

Depois disso, em 2017, 14 pessoas foram mortas em uma explosão no metrô de São Petersburgo. Ataques suicidas também mataram 34 pessoas em Volgogrado em 2013, semanas antes dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi.

jps/rc (ots)

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