Uma semana após o republicano Donald Trump vencer as eleições nos Estados Unidos, os contornos de seu novo governo começaram a tomar forma. O presidente eleito anunciou indicações para o seu segundo governo. Ou seja, ele deve preencher sua equipe na Casa Branca e nos principais departamentos governamentais.
Na noite de terça-feira (12), o republicano fez uma série de anúncios, entre eles o nome de Pete Hegseth, apresentador da Fox News, para o cargo de secretário de Defesa. O presidente eleito também anunciou que o bilionário Elon Musk e o ex-candidato a indicação republicana Vivek Ramaswamy vão liderar o novo “Departamento de Eficiência do Governo.”
Saiba quem é quem no segundo governo de Trump
Elon Musk
Para o homem mais rico do mundo, administrar um império empresarial parece não ser suficiente. Elon Musk, de 53 anos, proprietário de algumas das empresas mais conhecidas do mundo – como a aeroespacial SpaceX, a montadora Tesla e a rede social X – também se tornou um ator visível na política mundial nos últimos meses.
Musk declarou apoio a Donald Trump, e investiu mais de US$ 100 milhões (cerca de R$ 570 milhões) na campanha do republicano.
Desde que fundou sua primeira empresa, em meados da década de 1990, o empresário sul-africano criou uma série de empresas bem-sucedidas e acumulou uma fortuna estimada em mais de 243 bilhões de dólares.
Seu talento para transformar startups em líderes de seus setores lhe deu um controle cada vez maior sobre a infraestrutura digital crítica e gradualmente o ajudou a expandir sua influência política.
Atualmente, a Nasa depende da empresa espacial SpaceX para lançar seus satélites. A Starlink, uma subsidiária da SpaceX, fornece internet de banda larga para alguns dos lugares mais remotos do mundo e se tornou uma ferramenta indispensável para militares em zonas de conflito, como a Ucrânia.
Com a aquisição do Twitter em 2022, posteriormente rebatizado de X, Musk também obteve o controle de uma das redes sociais mais conhecidas e influentes.
Em paralelo, o empresário – que antes se identificava como moderado à margem da política – tem se alinhado cada vez mais a posições ultraconservadoras, opondo-se abertamente a ideais de esquerda que considera prejudiciais ao futuro da sociedade.
Musk divide o cargo como Vivek Ramaswamy, de 38 anos. Ele é filho de imigrantes e um bilionário que segue pontos da cartilha da extrema direita.
Pete Hegseth
Pete Hegseth, 44 anos, é um apresentador da Fox News, comentarista de diversos programas e veterano do Exército, servindo no Afeganistão, Iraque e Baía de Guantánamo. Ele foi escolhido por Trump para assumir o cargo de secretário da Defesa, em seu próximo governo.
O futuro secretário também ocupou o cargo de CEO da Concerned Veterans for America — uma organização de defesa dos veteranos de guerra. O ex-militar possui bacharel em Política pela Universidade de Princeton e mestrado em Política Pública pela Escola de Governo John F. Kennedy da Universidade de Harvard.
Mike Waltz
Nesta terça-feira (12), Trump anunciou que o deputado republicano da Flórida, Mike Waltz, será o novo conselheiro de Segurança Nacional, de acordo com uma publicação feita na rede social Truth Social.
A nomeação tem um toque familiar, já que a esposa de Waltz, Julia Nesheiwat, ocupou o mesmo cargo durante o primeiro mandato do republicano.
Waltz é congressista do centro-leste da Flórida e acaba de conquistar seu terceiro mandato na Câmara dos Representantes dos EUA. Ele é o primeiro ex-oficial da Guarda Nacional do Exército a ser eleito para o Congresso e garantiu a reeleição com ampla vantagem.
Ao longo de sua trajetória parlamentar, Waltz se destacou como presidente do subcomitê de prontidão dos Serviços Armados e atuou como membro dos comitês de Relações Exteriores e Inteligência.
Antes de ingressar na política, Waltz teve uma carreira militar de destaque. Formado pelo Instituto Militar da Virgínia, ele serviu no Exército e, posteriormente, integrou a Guarda Nacional da Flórida.
Durante sua atuação na Guarda, participou de várias missões de combate no Afeganistão, Oriente Médio e África, e recebeu quatro Estrelas de Bronze, incluindo duas com distinção por bravura.
Waltz é um fervoroso defensor de Trump que apoiou os esforços para reverter a eleição de 2020. Ele é considerado um linha-dura em relação à China e pediu um boicote dos EUA aos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 em Pequim devido ao envolvimento do país na origem da Covid-19 e ao tratamento contínuo da minoria muçulmana uigur.
Mike Huckabee
O republicano escolheu o ex-governador do Arkansas, Mike Huckabee, para ser o próximo embaixador dos EUA em Israel. Ele "ama Israel e o povo de Israel e, da mesma forma, o povo de Israel o ama", afirmou Trump, em comunicado.
Huckabee governou o estado do Arkansas, no meio-oeste, entre 1996 e 2007. Ele foi pré-candidato à Presidência pelo seu partido em 2008 e 2016. Ele é pai da atual governadora do Arkansas e ex-porta-voz da Casa Branca durante o governo Trump, Sarah Huckabee Sanders.
Evangélico batista, ele fez carreira como pastor e televangelista antes de entrar na vida pública. Como político, ele já expressou posições contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, contra o aborto exceto em caso de risco à vida da gestante e disse não acreditar na teoria da evolução das espécies de Darwin.
Tom Homan
Homan foi diretor do departamento de Imigração e Alfândega dos EUA no primeiro mandato de Trump. Em uma rede social, o presidente eleito disse que Homan será responsável pelas fronteiras no próximo governo dele. Além da segurança marítima e aérea voltada ao tema imigratório.
Durante o primeiro mandato de Trump, ele foi muito criticado por ser um dos defensores da separação de crianças de famílias que imigraram ilegalmente para o país.
No domingo (10), Tom Homan deu uma entrevista à Fox News, em que comentou a política imigratória do novo governo Trump. Segundo o futuro diretor, militares não devem ser usados para localizar e prender imigrantes legais no país. Ele também defendeu uma abordagem "humana".
“Será uma operação bem dirigida e planejada, realizada pelos homens do departamento de Imigração e Alfândega dos EUA", disse. "Eles são bons nisso", completou.
Susie Wiles
O nome de Wiles foi o primeiro anunciado por Trump para compor a equipe de seu segundo mandato. Ela é considerada uma das principais arquitetas da vitória do republicano nas eleições presidenciais.
Entre as funções da Chefe de Gabinete está a coordenação das atividades do governo e a organização das demais secretarias. Susie também deverá operar como uma das principais conselheiras do presidente.
Filha de Pat Summerall, falecido apresentador da NFL — a liga de futebol americano dos EUA — e uma experiente agente política da Flórida, Wiles é uma das conselheiras mais antigas no entorno de Trump.
Stephen Miller, ex-conselheiro de Trump, foi anunciado pelo republicano como vice-chefe de governo para a política, um cargo de confiança, abaixo de Susie.
Elise Stefanik
Donald Trump escolheu Elise Stefanik, deputada republicana pelo estado de Nova York, para ser a embaixadora dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU) e fez o comunicado no último dia 11.
Elise Stefanik, de 40 anos, representará no organismo multilateral internacional a política isolacionista que o governo de Trump deve adotar a partir de janeiro. Ela havia sido reeleita na semana passada para um quinto mandato como deputada pelo 21º distrito congressional de Nova York, por onde serve desde 2015.
"Tenho a honra de nomear a presidente Elise Stefanik para servir em meu gabinete como embaixadora dos EUA nas Nações Unidas. Elise é uma lutadora incrivelmente forte, determinada e inteligente da América em Primeiro Lugar", disse Trump em comunicado à Reuters.
A deputada é atualmente a quarta republicana mais importante na Câmara dos Deputados e atua como presidente do partido Conferência Republicana desde 2021. Ela tem sido uma das aliadas mais leais de Trump na casa legislativa e foi até considerada uma potencial escolha para vice-presidente.
Lee Zeldin
O presidente eleito Donald Trump selecionou o ex-deputado de Nova York Lee Zeldin para atuar como administrador da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Zeldin anunciou que aceitou a função.
Em uma declaração, Trump disse que o indicado “garantirá decisões desregulamentares justas e rápidas que serão promulgadas de forma a liberar o poder das empresas americanas, ao mesmo tempo em que manterá os mais altos padrões ambientais, incluindo o ar e a água mais limpos do planeta”.
“Ele estabelecerá novos padrões de revisão e manutenção ambiental, que permitirão que os Estados Unidos cresçam de forma saudável e bem estruturada”, concluiu.
John Ratcliffe
Trump, anunciou na terça-feira (12) que John Ratcliffe, que foi diretor de Inteligência Nacional durante o primeiro mandato do republicano, será o próximo diretor da CIA. A confirmação depende de aprovação do Senado.
"Ele será um combatente destemido pelos direitos constitucionais de todos os americanos, ao mesmo tempo em que garantirá os mais altos níveis de Segurança Nacional e a paz através da força", informou o republicano em um comunicado.
A CIA, Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, é responsável pela coleta de informações estratégicas de segurança em todo o mundo.
Aos 59 anos, Ratcliffe é um aliado próximo de Trump, atuou como Diretor Nacional de Inteligência no final de seu primeiro mandato.
Kristi Noem
Aos 52 anos, Kristi Noem, governadora de Dakota do Sul em seu segundo mandato, foi escolhida para liderar o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos no governo de Donald Trump.
A posição é altamente estratégica e complexa, responsável por coordenar agências de grande importância nacional, como o Serviço Secreto e a imigração, além de gerenciar a proteção de fronteiras e a resposta a desastres.
No primeiro governo de Trump, cinco pessoas ocuparam o cargo, evidenciando os desafios que Noem enfrentará à frente da pasta.
Antes de se tornar governadora, Noem foi congressista, servindo por quatro mandatos na Câmara dos Representantes, onde construiu uma reputação de política dura e direta.
Recentemente, ela ganhou notoriedade com o lançamento de seu livro de memórias, “No Going Back”, após relatar ter executado o próprio cachorro, um filhote de pointer chamado Cricket, alegando que o animal era indomável e agressivo. Ela levou o filhote para uma pedreira e alvejou-o a sangue-frio. “Eu odiava aquele cachorro”, contou no livro. O pet tinha 14 meses.
Ela também revelou ter abatido uma cabra da família, descrevendo-a como “má e malcheirosa” por perseguir seus filhos. As declarações tornaram-se virais, gerando memes e críticas.
Noem também é conhecida por seu posicionamento durante a pandemia de Covid-19, alinhando-se ao negacionismo popularizado pelo então presidente. Ela se opôs a medidas restritivas, como lockdowns e uso obrigatório de máscaras, o que levou Dakota do Sul a figurar entre os estados com maior risco de contágio nos EUA.
Outro ponto de atrito em sua gestão foi com as comunidades indígenas. Após sugerir que algumas terras tribais estariam infiltradas por cartéis de drogas, a governadora foi proibida de visitar áreas de nove tribos indígenas, que ocupam 15% do território do estado.