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Gianecchini se congela para "queimar gorduras": saiba se a crioterapia funciona

Apesar do procedimento ter ganhado popularidade nos últimos anos, ainda não há estudos que comprovem os benefícios e prática pode ser perigosa para quem tem doença cardiovascular; entenda

Com Agência Einstein

Gianecchini se congela para "queimar gorduras": saiba se a crioterapia funciona
Reprodução/Redes sociais

O ator Reynaldo Gianecchini, de 51 anos, apareceu em curioso vídeo nas redes sociais nesta terça-feira (16) em que entra numa espécie sauna gelada, a temperaturas abaixo de -140 ºC. O objetivo é realizar um procedimento conhecido como crioterapia.

Com fins estéticos, a técnica tem como fim reduzir medidas, eliminar gorduras e ajudar na firmeza da pele. Gianecchini realizou a terapia numa clínica em São Paulo, num aparelho de fabricação da Eslováquia que funciona na base de nitrogênio líquido, um composto que congela rápido.

O ator entra por várias vezes no tanque, ao longo de cerca de 3 minutos e, no caso dele, a temperatura varia entre -140 ºC a -168 ºC (assista abaixo). 

Apesar do procedimento ter ganhado popularidade nos últimos anos, ainda não há estudos consistentes que comprovem os benefícios da prática (leia mais a seguir).

O que é a crioterapia

É o procedimento em que o corpo é submetido a temperaturas extremamente baixas por alguns minutos, seja em tanque de água gelada ou por outros meios. Isso aumenta aumenta a frequência cardíaca, a pressão arterial e constringe os vasos sanguíneos.

Na maioria das aplicações, a prática é feita pelo mergulho direto em água gelada, como acontece com frequência países nórdicos, e não em clínicas estéticas, como no caso de Gianecchini.

A crioterapia foi criada porque o gelo, em pequena quantidade tem poder analgésico, alivia dor e é anti-inflamatório. “Dentre os protocolos de recuperação esportiva, o que a gente tem mais embasamento é o uso de gelo, por até 20 minutos, na área que foi treinada”, explica a médica do esporte Karina Hatano, do Hospital Israelita Albert Einstein. Os benefícios do gelo sem esse fim, no entanto, ainda não foram comprovados pela ciência.

Para que serve

Segundo o site da clínica em que Gianecchini fez o procedimento, a crioterapia "reduz as dores musculares em até 70%, alivia transtornos de estresse, ansiedade e depressão, melhora a qualidade do sono", entre outras vantagens.

Mas, para Hatano, faltam evidências científicas para justificar o uso das baixas temperaturas em contextos para além do uso do gelo na pele em pequena área por 20 minutos.

É a mesma conclusão de um dos principais pesquisadores dos efeitos da imersão em água fria, o médico Mike Tipton, professor da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra.  

Para ele, apesar de a prática ter muitos adeptos, ainda não existem comprovações de que a temperatura baixa é responsável pelos supostos benefícios à saúde atribuídos a ela.

“Ainda precisamos ter um experimento científico definitivo e controlado feito de forma adequada, ou seja, um experimento que isola o fator água fria dos outros aspectos envolvidos na prática”, explica Tipton.  

“A maioria das pessoas que vai praticar o mergulho em água fria vai para um lugar bonito para fazê-lo, vai com amigos. Então, eles têm a socialização, eles têm estímulos visuais, eles se exercitam. Portanto, a água fria é apenas um aspecto”, afirma o especialista.  

“O que precisamos é de estudos que digam, ok, é o frio? É o fato de estar flutuando na água? É a atividade física? É a socialização? É a sensação de realização por ter sobrevivido a uma experiência extrema?”, questiona o professor.  

Riscos da prática

  • Apesar de não trazer risco para a maioria das pessoas, a exposição a temperaturas baixíssima pode ser perigosa para alguns indivíduos.
  • Quando o corpo é exposto a temperaturas muito baixas, pode ocorrer uma arritmia, porque há estresse para o coração com o aumento da pressão cardíaca e estreitamento dos vasos.
  • Por isso, a crioterapia não é indicada para quem tem problema cardiovascular prévio.
  • É importante checar se a saúde está em dia antes de aderir ao procedimento.
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* Com Patricia Rodrigues, da Agência Einstein

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