Saiba como começou ligação de empresas de ônibus de SP com PCC

Crime organizado percebeu possibilidade de lucros e lavagem de dinheiro após greve de ônibus no começo dos anos 2000, apontam investigações

Da redação

Seis suspeitos de participarem de esquema com empresas de ônibus e PCC foram presos
Transwolff/Divulgação

Seis suspeitos de participarem de um esquema entre as empresas de transporte Transwollf e UPBus com a cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) foram presos em uma operação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) nesta terça-feira (9).  

Juntas, as companhias operam o transporte de 700 mil passageiros por dia na capital paulista. A Transwollf atual na zona sul da cidade, enquanto a UPBus atua na zona leste.  

Segundo o MP, as duas empresas são suspeitas de operarem esquema de lavagem de dinheiro e sonegação de impostos para a facção criminosa. 

As empresas teriam ligação direta com a alta cúpula do PCC, gerando lucro milionário aos sócios, mesmo em anos em que o setor de transporte de São Paulo registrou prejuízos.  

Um dos sócios recebeu mais de R$ 14 milhões em dividendos, entre 2015 e 2022, período em que a empresa teve prejuízo acumulado que ultrapassa os R$ 5 milhões, segundo investigações.  

A Justiça sequestrou R$ 600 milhões das Transwollf e UP Bus. Além disso, foram recolhidos:

  • 11 armas, incluindo dois fuzis e uma submetralhadora;
  • 800 munições de diversos calibres;  
  • Duas barras de ouro;
  • R$ 160 mil em dinheiro vivo;
  • Computadores;
  • HDs.

Após três anos de investigações, a operação "Fim da Linha" envolveu quase 350 policiais militares, além de fiscais da Receita Federal e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

“Atacamos o sistema financeiro do crime organizado, que estava tomando o contorno de máfias. Isso é preocupante, porque mostra que o PCC está se infiltrando nos poderes do Estado”, diz o promotor de Justiça Lincoln Gakiya.

Relação de mais de 20 anos do PCC com o transporte

  • Segundo as investigações, o crime organizado atua com companhias da área desde o início dos anos 2000.  
  • À época, facções notaram que micro-ônibus e cooperativas de vans de transporte clandestino representavam possibilidade de lucro e lavagem de dinheiro.
  • As empresas cresceram e entraram em contratos firmados com a Prefeitura de São Paulo.
  • "Desde a primeira greve de ônibus, nos anos 2000, quando a Prefeitura contratou perueiros para subsituir os ônibus, o crime organizado entendeu que havia um bom negócio", explica Gakiya.
  • Recentemente, uma operação policial de 2022 identificou três empresas vinculadas ao PCC. Além da Transwollf e da Up Bus, na mira da ação desta terça-feira, a Transunião também foi alvo.
  • A investigação também revelou a corrupção no Sindicato dos Motoristas, movimentando cifras milionárias em propinas desviadas de subsídios públicos.
  • Mecânicos, borracheiros, cozinheiras e trabalhadoras do lar foram usadas como "laranjas".  
  • Apontados como acionistas da UPBus, eles não teriam condições de fazer aportes financeiros na empresa, cujo capital social era de R$ 20 milhões.  

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