Rússia volta a atacar arredores de Kiev, após retirada de tropas da região

Moscou diz que ataque teve como alvo um centro de fabricação e reparo de mísseis antinavios

Da Redação, com agências

O governo da Rússia voltou a atacar a área de Kiev e atingiu nesta sexta-feira (15) uma fábrica de mísseis nos arredores da capital ucraniana. É primeira ação militar desde a retirada de tropas russas da região, no fim de março, quando Moscou afirmou que concentraria forças no sul e no leste do país. 

Alarmes antiaéreos soaram diversas vezes ao longo da madrugada, segundo o governador da região de Kiev, Olexandre Pavliuk. 

O ataque teve como alvo um centro de fabricação e reparo de mísseis antinavios, de acordo com o Kremlin, no que foi entendido como uma retaliação ao naufrágio do navio de guerra Moskva, a mais importante embarcação militar russa no mar Negro, na quinta-feira (14).

O Ministério da Defesa da Rússia anunciou que as tropas russas vão reforçar as suas investidas contra a capital Kiev em resposta aos ataques que as forças ucranianas têm vindo a levar a cabo contra alvos russos.

Durante a manhã, o presidente da Ucrânia Volodimir Zelenskii elogiou no seu discurso à nação a determinação dos ucranianos neste que é o 50.º dia de guerra. Os russos não sabiam "como os ucranianos são corajosos, como valorizamos a liberdade e a possibilidade de viver da forma que desejamos", afirmou.

Mariupol 

A fábrica da Azovstal, uma das maiores metalúrgicas da Europa, é um dos principais focos de tensão em Mariupol, à medida que as tropas russas tentam assumir o controlo da cidade.

Nesta metalúrgica, que é controlada pelo homem mais rico da Ucrânia, o bilionário Rinat Akhmetov, a intensidade das explosões tem escalado ao longo da semana. Mas a dimensão desta fábrica está a causar dificuldades às tropas russas, como explica à Reuters o analista militar Oleh Zhdanov, a partir de Kiev.

"A fábrica Azovstal é um espaço enorme, com tantos edifícios que os russos simplesmente não estão a conseguir encontrar [as forças ucranianas]", afirmou Zhdanov.

Os combates, contudo, espalham-se pelas várias ruas da cidade, denunciou esta sexta-feira o porta-voz do Ministério da Defesa da Ucrânia, Oleksandr Motuzianik. Segundo disseram as forças separatistas russas no início da semana, Moscovo já ocupava 80% da cidade portuária, embora a resistência continuasse. Grande parte das forças ucranianas tem vindo a deslocar-se precisamente em direcção à fábrica de Azovstal, que lhes está a servir de abrigo.

Refugiados

Quase 4,8 milhões de ucranianos fugiram da Ucrânia desde a invasão da Rússia, iniciada há 51 dias, dos quais cerca de 60% foram para a Polónia, anunciou esta sexta-feira o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).

De acordo com esta agência, 4.796.245 ucranianos já deixaram o país no total, o que significa mais 50 mil pessoas do que na quinta-feira. Este é o maior afluxo de refugiados desde a II Guerra Mundial, sendo que cerca de 90% dos que fugiram da Ucrânia são mulheres e crianças, já que as autoridades ucranianas não permitem a saída de homens em idade militar.

A Polónia continua a ser o país que mais refugiados ucranianos recebe, com cerca de 2,7 milhões, seguida da Roménia, com mais de 716 mil (neste caso, parte dos ucranianos que chegam ao território romeno já passaram pela vizinha Moldova).

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