Rússia diz que ataque com míssil hipersônico contra a Ucrânia foi aviso ao Ocidente

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, chamou a Ucrânia de "imprudente" pelos ataques à Rússia com mísseis ATCMS

Dmitry Peskov
REUTERS/Maxim Shemetov

O Kremlin declarou nesta sexta-feira (22) que o ataque à Ucrânia com o novo míssil balístico hipersônico foi uma mensagem ao Ocidente de que Moscou responderá duramente a quaisquer ações "imprudentes" dos países ocidentais em apoio à Ucrânia.

"A principal mensagem é que as decisões e ações imprudentes dos países ocidentais que produzem mísseis, os fornecem à Ucrânia e posteriormente participam de ataques contra o território russo não podem ficar sem uma reação do lado russo", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos jornalistas um dia após o lançamento dos mísseis.

"O lado russo demonstrou claramente suas capacidades, e os contornos de ações retaliatórias adicionais, caso nossas preocupações não sejam consideradas, foram delineados de forma bastante clara", acrescentou.

As falas foram em resposta ao ataque da Ucrânia contra a Rússia com utilizando o Sistemas de Mísseis Táticos do Exército, conhecidos como ATACMS, para atingir um depósito de munições na região de Bryansk, no sudoeste da Rússia.

De acordo com a Reuters, Moscou afirmou que considera o uso de mísseis ATACMS e Storm Shadow pela Ucrânia em território russo como prova de envolvimento direto dos Estados Unidos e do Reino Unido na guerra. A Rússia informou que os dados de satélite para direcionamento e a programação dos trajetos de voo dos mísseis só podem ser realizados por pessoal militar da OTAN, pois Kyiv não possui essas capacidades.

Putin declarou que Moscou atacou uma instalação de mísseis e defesa na cidade ucraniana de Dnipro, onde está localizada a empresa de mísseis e foguetes espaciais Pivdenmash, conhecida como Yuzhmash pelos russos.

O Ministério da Defesa da Rússia disse ainda que todas as ogivas do míssil atingiram seus alvos e celebrou o que disse ser o uso bem-sucedido, pela primeira vez em combate, de um míssil balístico hipersônico de alcance intermediário com ogivas convencionais.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, afirmou que o uso do novo míssil pela Rússia representa "uma escalada clara e grave" e pediu uma forte condenação mundial.

Peskov afirmou que a Rússia não estava tecnicamente obrigada a avisar os Estados Unidos sobre o ataque, pois o míssil usado era de alcance intermediário, e não intercontinental. No entanto, disse que Moscou informou os EUA 30 minutos antes do lançamento.

Ele também mencionou que Putin permanece aberto ao diálogo, mas que o governo de saída do presidente dos EUA, Joe Biden, "prefere continuar no caminho da escalada". Peskov pediu para a administração a considerar o alerta feito por Putin em setembro.

Na época, Putin afirmou que o Ocidente estaria lutando diretamente contra a Rússia se permitisse que a Ucrânia atacasse o território russo com mísseis ocidentais de longo alcance, o que alteraria a natureza e a escala do conflito, forçando Moscou a tomar "decisões apropriadas" com base nas novas ameaças.

Em suas declarações desta quinta-feira (21), Putin afirmou que a Rússia lançou seu novo míssil após a Ucrânia, com aprovação do governo Biden, atacar a Rússia com seis mísseis ATACMS fabricados nos EUA na terça-feira (19) e com mísseis de cruzeiro britânicos Storm Shadow e HIMARS fabricados nos EUA na quinta-feira.

Peskov disse esperar que os EUA tenham recebido e entendido a mensagem de Moscou.

"Quanto à abertura para o diálogo, mesmo na declaração de ontem o presidente destacou sua disposição para quaisquer contatos – tanto para desescalada e evitar uma escalada maior, quanto para alcançar uma trajetória de paz", disse Peskov.

"A declaração de ontem (de Putin) foi muito abrangente, clara e lógica. Não temos dúvidas de que a atual administração em Washington teve a oportunidade de se familiarizar com essa declaração e entendê-la."

*Com informações da Reuters e agências internacionais.

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