O que é o ICBM, míssil balístico intercontinental que teria sido disparado pela Rússia

Essa seria a primeira vez durante o atual conflito na Ucrânia que Moscou emprega esse tipo de armamento, projetado para carregar ogivas nucleares

Por Deutsche Welle

O que é o ICBM, míssil balístico intercontinental que teria sido disparado pela Rússia
Vladimir Putin, presidente da Rússia
ALEXANDER NEMENOV/Pool via REUTERS

A Ucrânia afirmou que a Rússia lançou nesta quinta-feira (21/11) um míssil balístico intercontinental (conhecido pela sigla ICBM em inglês) contra a cidade de Dnipro. Se confirmada, essa será a primeira vez que tropas russas utilizam esse tipo de armamento ofensivo na guerra de agressão contra Kiev.

De acordo com a declaração enviada pela Força Aérea Ucraniana no Telegram, o míssil balístico intercontinental teria sido lançado da região russa de Astracã, que faz fronteira com o Mar Cáspio. Além dele, foram disparados outros oito mísseis, sendo que seis foram derrubados.

Os alvos foram "fábricas e infraestruturas críticas" em Dnipro. Duas pessoas ficaram feridas no ataque.

O que é o míssil balístico intercontinental

Um jornal ucraniano afirmou que o ICBM disparado seria um RB-26 Rubezh, que possui um alcance de 5.800 quilômetros e que entrou em serviço nos anos 2010. O míssil foi projetado para carregar ogivas nucleares

Embora o uso de um ICBM com tal alcance e capacidade pareça excessivo contra a Ucrânia, seu uso pode ter sido um alerta da Rússia para lembrar da capacidade nuclear do país.

O ataque ocorre depois de, pelo menos, os EUA, Espanha, Itália, Grécia e Portugal terem fechado as suas embaixadas em Kiev na quarta-feira devido ao perigo de um bombardeio russo massivo contra o território ucraniano.

Escalada no conflito

O emprego de um míssil balístico intercontinental na guerra na Ucrânia ocorre num momento que o conflito ganha uma dimensão internacional com a chegada de tropas da Coreia do Norte para lutar ao lado da Rússia.

Segundo autoridades americanas, o movimento motivou a mudança de postura do presidente dos EUA, Joe Biden, que autorizou Kiev a usar mísseis americanos de longo alcance em ataques ao território russo. Biden aprovou ainda o fornecimento de minas terrestres antipessoais para a Ucrânia. O dispositivo fica escondido no solo e é disparado por aproximação – uma medida que poderia desacelerar os avanços russos no leste ucraniano. Os EUA esperam que a Ucrânia use as minas em seu próprio território.

Em resposta à autorização americana para o uso de mísseis, o Kremlin ameaçou escalar o conflito ainda mais. O ataque com ICBM ocorre dois dias após o presidente russo, Vladimir Putin, assinar uma doutrina nuclear revisada que prevê que ataques convencionais que ameaçam a soberania da Federação Russa e de Belarus sejam respondidos com o uso de armas nucleares.

A doutrina, que substitui a promulgada em 2020, autoriza um ataque nuclear no caso de o ataque convencional inimigo representar "uma ameaça crítica à soberania e (ou) integridade territorial" de ambos os países, que constituem a União Estatal Rússia-Belarus.

O documento também considerará "ataque conjunto" a agressão de um país que carece de armas atômicas, mas conta com o apoio – quer envolva ou não sua participação direta – de uma potência nuclear.

Mísseis ocidentais

A Ucrânia disparou pela primeira vez nesta quarta-feira os mísseis de cruzeiro britânicos Storm Shadow contra a Rússia. O episódio acontece um dia depois de Kiev também inaugurar o uso além de suas fronteiras de mísseis de longo alcance ATACMS, de fabricação americana.

O Storm Shadow pesa 1.300 quilos, possui cerca de cinco metros de comprimento e carrega uma ogiva convencional de 450 quilos. O míssil tem um alcance superior a 250 quilômetros. Já o Sistema de Mísseis Táticos do Exército, ou ATACMS, tem um alcance de até 306 quilômetros, permitindo ataques mais profundos na Rússia.

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