Rússia abre nova frente com ataque no nordeste da Ucrânia

Governo ucraniano relata "combates intensos" após russos lançarem ofensiva na província de Kharkiv. Invasores russos reivindicam tomada de cinco vilarejos.

Por Deutsche Welle

Combates intensos foram registrados na sexta-feira e neste sábado (11)
DW

Combates intensos foram registrados na sexta-feira e neste sábado (11) na linha de frente da guerra na Ucrânia, após tropas invasoras russas lançarem uma nova ofensiva terrestre na província ucraniana de Kharkiv, no nordeste do país. O Ministério da Defesa russo reinvidicou a tomada de cinco vilarejos ucranianos na região.

Essa área não era alvo de ataques dessa dimensão desde a retirada das tropas russas após a contraofensiva ucraniana do outono de 2022.

"Combates intensos acontecem ao longo de toda a linha da frente”, relatou o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski na sexta-feira, acrescentando que reforços haviam sido enviados para a região de Kharkiv. "Ao longo da nossa fronteira nacional e linha de frente, destruiremos, inevitavelmente, as forças de ocupação, para frustrar as intenções ofensivas da Rússia", acrescentou.

Objetivos

Após o início da ofensiva, os Estados Unidos anunciaram um novo pacote de ajuda militar para a Ucrânia. Washington tenta compensar os meses perdidos em negociações no Congresso sobre um acordo de ajuda a Kiev. O bloqueio da ajuda durante meses atrasou o fluxo de armas procedentes dos Estados Unidos, e as forças ucranianas sofreram reveses no leste.

Segundo o estado-maior ucraniano, a Rússia lançou cinco ataques terrestres na região de Kharkiv. Também houve bombardeios russos no local.

Segundo uma fonte do comando militar ucraniano, Moscou busca criar uma zona de segurança nas províncias de Kharkiv e Sumy que impeça a Ucrânia de continuar bombardeando a província russa de Belgorod.

"Durante o último dia, o inimigo atacou com bombas teleguiadas a área de Vovchansk”, na fronteira com Belgorod, e "até as 5h (23h de quinta-feira no Brasil) tentou romper nossas linhas de defesa com a ajuda de blindados", informou o Ministério da Defesa da Ucrânia, sem especificar o local da operação. Os ataques foram repelidos, mas continuavam ocorrendo "combates de intensidade variável, e unidades de reserva foram mobilizadas para reforçar a defesa" da região, acrescentou.

A província de Kharkiv e sua capital homônima, a segunda maior cidade do país, continuam sendo um alvo importante da Rússia, que bombardeou com regularidade a região nos últimos meses, sobretudo sua infraestrutura energética. A Ucrânia temia há semanas uma nova ofensiva terrestre.

Dificuldades

O Exército ucraniano também enfrenta dificuldades no front, enfraquecido pela falta de soldados e por atrasos na entrega de ajuda ocidental. No fim de abril, os Estados Unidos anunciaram uma ajuda de US$ 61 bilhões (R$ 321 bilhões) para a Ucrânia, que terá que esperar a assistência se materializar no campo de batalha.

A Rússia, que possui mais efetivos, armas e uma indústria de defesa mais poderosa, retomou a iniciativa após o fracasso da contraofensiva ucraniana no verão de 2023. As forças russas reivindicaram avanços territoriais nos últimos meses, principalmente no leste da Ucrânia, mas limitados e com alto custo humano.

Ao comentar os desenvolvimentos no teatro de operações da Ucrânia, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, previu que a Rússia "certamente intensificará os seus ataques e enviará mais soldados" para o nordeste da Ucrânia nas próximas semanas, com o objetivo de estabelecer uma "zona tampão" ao longo da fronteira.

No entanto, Kirby comentou que os Estados Unidos não esperam "quaisquer grandes avanços" por parte das tropas russas, acrescentando: "Temos confiança nas forças ucranianas e estamos trabalhando incansavelmente para enviar (... ) as armas de que necessitam para se defenderem contra estes ataques".

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