Ícone do rock, Rita Lee morreu nesta segunda-feira (8), aos 75 anos. A cantora já tinha escolhido seu epitáfio: "ela nunca foi um exemplo, mas era gente boa". Ela havia publicado a frase no capítulo "Profecia" de seu primeiro livro autobiográfico, publicado em 2016.
No trecho, a artista imagina como seria a repercussão do óbito. Projeta como a mídia, os fãs, os que a odiavam e os colegas reagiriam. Sobre o velório, diz que nenhum político apareceria. "Uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los", explica. Leia abaixo o trecho completo em que Rita Lee fala sobre a própria morte.
Nascida em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947, ela se tornou uma das mais renomadas artistas do mundo e ficou conhecida pela alcunha de “rainha do rock” no Brasil. Dona de um estilo próprio e por vezes irônico, deixou a sua marca em grandes hits como “Ovelha Negra”, “Lança Perfume”, “Era Venenosa”, “Mania de Você” e tantos outros.
"Profecia", da autobiografia de Rita Lee
"Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minha música sem cobrar jabá, colegas dirão que eu farei falta no mundo da música, quem sabe até deem meu nome para uma rua sem saída. Os fãs, esses sinceros, empunharão capas dos meus discos e entoarão "Ovelha negra", as tvs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória para exibir no telejornal do dia e uma notinha no obituária de algumas revistas há de sair. Na redes sociais, alguns dirão: "Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk". Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los. Enquanto isso, estarei eu de alma presente tocando no céu minha autoharp e cantando para Deus: "Thank you, Lord, finally sedated" (Obrigada, Senhor, finalmente sedada, em tradução).
Epitáfio: Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa."