O ano de 2024 foi marcado por diversos acontecimentos importantes no cenário policial e segurança pública do Brasil. Caçada a dois fugitivos do presídio de Mossoró, prisão do ex-jogador Robinho, violência na Bahia, execução de delator do PCC no Aeroporto Internacional do Brasil, casos de violência policial no estado de São Paulo e acidentes fatais envolvendo Porsche.
Fugitivos de Mossoró
No dia 14 de fevereiro, dois criminosos escaparam da penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, por um buraco atrás de uma luminária do imóvel e cortaram duas cercas de arame utilizando ferramentas de uma obra que era realizada por lá.
Com isso começou a caçada atrás dos fugitivos, que terminou no dia 4 de abril, totalizando 50 dias foragidos. Eles foram presos em Marabá, no estado do Pará, em uma ação da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal.
Essa foi a primeira fuga já ocorrida em uma penitenciária federal e motivou uma megaoperação com equipes de segurança. Eles foram detidos a 1.600 km do presídio de onde escaparam. Os dois presos fazem parte da facção criminosa Comando Vermelho.
Prisão de Robinho
O ex-atacante Robson de Souza, Robinho, foi preso pela Polícia Federal no começo do mês de março e vai cumprir a pena de nove anos de prisão no Brasil após ser condenado por estupro na Itália. Ele cumpre pena no presídio de Tremembé, no interior de SP.
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que o ex-jogador deveria cumprir no Brasil a pena de nove anos de prisão pelo crime de estupro coletivo ao qual foi condenado na Itália.
Os ministros não examinaram as provas e o mérito da decisão da Justiça italiana, mas julgaram se foram preenchidos todos os requisitos legais para que a pena de prisão seja cumprida no Brasil, conforme requerido pela Itália.
Robinho foi condenado na Itália em 2017 pelo crime que aconteceu em 2013, e a vítima era uma jovem albanesa. Outros cinco brasileiros foram denunciados por participação no caso, mas apenas Robinho e um amigo foram levados a julgamento na Itália. Em 2022, a corte italiana julgou a última instância e chegou ao veredito final da condenação de Robinho por nove anos. Por ser cidadão brasileiro, o jogador não foi extraditado.
No final de novembro, um pedido de habeas corpus de Robinho foi analisado pelo STF. Por 9 votos a 2, a votação manteve o ex-jogador atrás das grades. Os advogados do ex-jogador questionavam a legalidade da prisão;
Violência na Bahia
No mês de junho, o atlas da violência, que compila dados de órgãos de segurança dos estados apontou que das 10 cidades mais violentas do país, sete são da Bahia. O município no topo do ranking foi Santo Antônio de Jesus, cidade mais violenta do Brasil, com 94 homicídios a cada 100 mil habitantes, a maior taxa de mortes do país.
Até o período da pesquisa, pelo menos dez facções disputavam territórios do tráfico de drogas na Bahia, inclusive grupos do Rio e São Paulo. Para os criminosos, o estado tem uma localização estratégica para o transporte de drogas e armas.
O medo da violência está mudando até o jeito de tirar foto na capital baiana. Isso porque facções criminosas se apropriaram de símbolos feitos com as mãos. Qualquer gesto com dois dedos, por exemplo, pode ser interpretado como saudação ao Comando Vermelho. Já o “Bonde do Maluco” usa três dedos.
Dois irmãos, músicos de um bloco, foram assassinados na Bahia, depois de fazerem sinais com três dedos e postarem a foto. Em setembro, uma candidata a vereadora no Mato Grosso e a irmã foram torturadas até a morte porque fizeram gestos associados à facção PCC.
O ator e DJ João Rebello Fernandes, de 45 anos foi morto a tiros em Trancoso, famoso destino turístico no extremo sul da Bahia. Testemunhas disseram às autoridades que a vítima estava no veículo quando dois homens em uma motocicleta se aproximaram e atiraram à queima-roupa.
Execução de delator do PCC
No dia 8 de novembro, o empresário e delator do PCC foi executado em um tiroteio no Terminal 2 do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Ele era jurado de morte pela facção. O delator já foi vítima de um atentado, na noite de Natal do ano passado, quando passava a data com a família.
O homem tinha delatado um grande esquema de lavagem de dinheiro do crime organizado. Oito dias antes de ser executado, ele confirmou outra delação com o Ministério Público contra policiais civis. Segundo o MP-SP, o empresário teria mandado matar dois integrantes do PCC.
A vítima atuava no setor de lavagem de dinheiro do PCC e teria ajudado a colocar no mercado formal até R$ 2 bilhões oriundos do crime, de acordo com investigação. Com informações valiosas e detalhadas sobre as operações do PCC, empresário tornou-se uma peça importante para a polícia e para o Ministério Público.
Até a produção desta matéria, a polícia prendeu dois envolvidos no crime, um deles suspeito de ter fornecido os carros usados no crime. Além disso, ele teria dado ajuda ao ‘olheiro do saguão’, homem que está foragido e avisou aos atiradores o momento em que o delator desembarcava em Guarulhos. Os atiradores e mandantes do crime ainda não foram identificados.
Violência policial em SP
Em Campinas, no interior de São Paulo, três policiais militares cercaram uma mulher contra o muro de uma casa. Após ela gritar com os PMs, um deles deu um soco no rosto da mulher. A polícia foi chamada por causa de uma discussão entre mãe e filha. Os envolvidos foram afastados.
Um jovem foi morto a tiros pelas costas por um policial à paisana em frente a um mercado na Zona Sul de São Paulo. Em depoimento, o agente havia alegado legítima defesa. Após pedido do Ministério Público, o PM foi preso
Um homem foi jogado do alto de uma ponte em um córrego por um policial militar na Zona Sul de São Paulo. Um vídeo flagrou o momento da ação. O policial foi preso.
Acidentes Porsche
O ano de 2024 foi marcado por muitos acidentes de trânsitos, principalmente envolvendo Porsches. Um empresário bateu o carro de luxo na traseira de um motorista de aplicativo, de 52 anos, na Zona Leste de São Paulo, que morreu no local. O empresário estava bêbado no momento da colisão e está preso em Tremembé.
O motorista de um Porsche atropelou e matou um motociclista de 21 anos na Zona Sul de São Paulo. Os dois se desentenderam, tiveram uma briga de trânsito e, na sequência, o motorista atropelou o motociclista. Ele responde por homicídio doloso com dolo eventual por motivo fútil ou torpe.
Um motorista de aplicativo morreu em um acidente causado por um condutor na contramão em Guarulhos, na Grande São Paulo. Uma câmera de segurança registrou o acidente, mostrando o momento em que o carro fez uma ultrapassagem, invadiu a faixa contrária e bateu contra o veículo da vítima. Os dois que estavam no carro foram presos.
GPS coloca vítimas na mira de tiros no Rio de Janeiro
Um turista argentino foi hospitalizado depois de ser baleado por criminosos ao entrar, por engano, em uma das localidades do Rio Comprido, bairro da área central do Rio de Janeiro.
De acordo com informações, a orientação dada pelo GPS o levou a pegar um acesso pelo Morro dos Prazeres. No local, acabou sendo alvejado pelos suspeitos. Ele está internado em estado grave.
Após pegar um outro caminho, um motorista teve o carro baleado no Complexo da Maré. Quando percebeu os criminosos armados, o homem até tentou retornar, mas os suspeitos atiraram. Uma pessoa que estava dentro ficou ferida.
Um policial militar foi morto após entrar por engano em uma outra comunidade do Rio de Janeiro. O colega também foi atingido, mas foi levado para um hospital.
Caso Djidja Cardoso
Conhecida como Djidja Cardoso, a ex-sinhazinha do Boi Garantido Dilemar Cardoso da Silva, de 32 anos, foi encontrada morta na casa onde morava, em Manaus, no mês de maio.
Familiares registraram um boletim de ocorrência afirmando que Djidja estaria em cárcere privado antes da morte dela, alegando que a modelo não poderia receber visitas e estava em um estado lamentável pelo uso excessivo de drogas.
Segundo as investigações, a família de Djidja liderava uma seita religiosa – intitulada “Pai, Mãe, Vida” – que fornecia, incentivava e aplicava à força cetamina em seus integrantes. Droga usada como tranquilizante em animais de grande porte, a cetamina ou ketamina causa alucinações em humanos.
No total, 11 pessoas foram indiciadas no caso, incluindo funcionários do salão de beleza que pertence à família. Na metade deste mês, mãe e irmão da ex-sinhazinha do Boi Garantido, foram condenados a 10 anos e 11 meses de prisão por tráfico de Cetamina.
Caso Tio Paulo
Em abril, uma mulher foi presa após levar um homem morto ao banco para tentar pegar um empréstimo no nome dele. A cena do cadáver na cadeira de rodas foi gravada por uma funcionária da agência bancária.
Em poucos minutos, a gerente chamou o SAMU e no local, ficou constatado que o homem, de 68 anos, tinha morrido há poucas horas. O corpo foi encaminhado para o IML para ser periciado.
Segundo a Polícia Militar, a moça alegou que era sobrinha do idoso e que ele queria realizar um empréstimo no valor de R$ 17 mil. Ela foi presa em flagrante e vai responder por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver.
Em novembro, a Justiça do Rio de Janeiro realizou a primeira audiência de instrução e julgamento do caso.
Caso Brigadeirão
No final de maio, uma mulher foi acusada de matar o próprio namorado com um brigadeirão envenenado, no Rio de janeiro. Os primeiros laudos identificaram a presença de clonazepan e morfina no corpo do empresário
Em imagens, obtidas pela Band, mostram os dois no elevador. O empresário tosse bastante e aparenta estar com tontura, chegando a se apoiar na lateral.
O corpo do homem foi encontrado no sofá da sala, após a denúncia de vizinhos, que sentiram um cheiro forte vindo do apartamento. Ele estava em avançado estado de decomposição. A polícia acredita que Júlia pode ter ficado por três dias no mesmo imóvel antes de fugir.
Ela se entregou à polícia no dia 4 de abril e foi presa, apontada como principal suspeita pela morte.
Uma cigana identificada como Suyane Breschak também foi presa na ocasião suspeita de participar da trama. Segundo as investigações, Júlia devia dinheiro à mulher, que seria uma espécie de mentora espiritual, e planejou matar o namorado para se apossar dos bens e do dinheiro dele e pagar as dívidas.
Influenciadores presos
O influenciador, comediante e ex-BBB 21, Nego Di, foi preso em casa na praia de Jurerê, em Florianópolis, Santa Catarina. De acordo com a polícia, a prisão de Dilson Alves da Silva Neto refere-se a um pedido de prisão da Polícia Civil Gaúcha para apuração de 370 crimes de estelionato.
Ele e a esposa são acusados de lavarem cerca de R$ 2 milhões após a promoção das rifas virtuais ilegais e outras fraudes nas redes sociais. Segundo o MP, as rifas de dinheiro e bens de alto valor não eram entregues às vítimas. Na ação, a esposa de Nego Di, Gabriela Sousa, foi presa em flagrante por estar com uma arma de uso restrito das Forças Armadas sem registro.
No final de novembro, um ministro do STJ concedeu liberdade provisória ao humorista e influenciador Nego Di. Ele estava detido há quatro meses na Grande Porto Alegre.
A Operação “Integration”, deflagrada pela Polícia Civil de Pernambuco contra lavagem de dinheiro e jogos ilegais, apreendeu carros de luxo, avião, helicóptero, joias e embarcações e bloqueou mais de R$ 2 bilhões em ativos financeiros. Foram cumpridos 19 mandados de prisão, incluindo o da influenciadora Deolane Bezerra e a mãe dela, presas no dia 4 de setembro.
A influenciadora deixou a Colônia Penal Feminina, na cidade de Buíque, no agreste de Pernambuco, em setembro, após o Tribunal de Justiça do estado conceder habeas corpus para a influenciadora e outros investigados da Operação.