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Retrospectiva 2022: corrupção e crise marcam ano do ministério da Educação

Retomada das aulas presenciais foi evidenciada por escândalos no MEC, aumento da desigualdade e troca de ministros

Por Luiza Lemos

Retrospectiva 2022: corrupção e crise marcam ano do ministério da Educação Reprodução/Agência Brasil
Reprodução/Agência Brasil

O ano de 2022 para a educação brasileira foi marcada pela retomada das aulas presenciais e sem máscaras, após dois anos com educação à distância devido às restrições contra o contágio pela Covid-19. No ministério da Educação, outros fatos marcaram o ano, como escândalos de corrupção, crise financeira, cortes de verba e troca de ministros. 

Na retomada 100% presencial do ensino básico até o terceiro grau, professores e alunos tiveram o desafio de retomar a rotina pré-pandemia. Questões como desigualdades aprofundadas devido ao ensino à distância, campanhas de vacinação dos alunos e uso da tecnologia foram enfrentados por docentes e alunos no ano. 

Além de todos os desafios citados, os alunos do Ensino Médio também enfrentaram no começo das aulas um novo modelo de ensino, com disciplinas que passaram a ser divididas por área de conhecimento, como no Enem e com carga horária diferenciada. 

Com a reabertura, o novo Censo Escolar da Educação Básica divulgado neste ano informou que o número de matrículas no ensino médio foi 5,3% menor do que em 2021. Da creche ao médio, o número total de matrículas foi 2,07% menor. O impacto da pandemia foi sentido nas salas de aula: no ensino básico, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica ficou em 5,8, em uma escala de 1 a 10. 

Na Educação Superior, o Brasil sentiu uma mudança no modelo de ensino e a aceitação ao modelo online. O número de estudantes em cursos superiores de graduação na modalidade a distância aumentou 474% e nos cursos presenciais, diminuiu 23,4%. 

Ministério da Educação passou por polêmicas e escândalos de corrupção

Logo em janeiro, os professores receberam um reajuste de 33,24% no piso salarial para os profissionais da educação básica. O aumento beneficiou 1,7 milhão de professores dos estados e municípios. O piso passou de R$ 2.886 para R$ 3.845. 

Apesar disso, a pasta passou por polêmicas envolvendo declarações do então ministro, Milton Ribeiro. No mesmo mês, a Procuradoria-Geral da República denunciou o ministro por homofobia. A investigação foi motivada por uma entrevista de 2020, em que Ribeiro teria relacionado a homossexualidade a “famílias desajustadas” e disse que adolescentes estavam “optando por ser gay”. 

Em março, o ministro fez outra declaração polêmica. Ele afirmou que o governo Bolsonaro não vai “permitir ensinar coisa errada” nas escolas ao mencionar questões de gênero e ensino sobre transexualidade. 

No mês de março, o ministério da Educação passou por um escândalo de corrupção que culminou na saída de Milton Ribeiro da pasta. Ele teria admitido em áudio que priorizou verbas para prefeituras indicadas por pastores evangélicos. Ele negou irregularidades, mas também admitiu que autorizou a produção de Bíblias com a imagem dele e distribuição em evento de cunho religioso. 

Milton Ribeiro também foi alvo de inquérito pelo Supremo Tribunal Federal, que investigou o favorecimento de prefeituras ligadas aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Em junho, Milton Ribeiro foi preso por acusação de participar em crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência. Ele foi solto, mas a investigação segue. 

Com a saída de Milton Ribeiro, Victor Godoy assumiu a pasta em 18 de abril e se tornou o quinto ministro da Educação no governo Bolsonaro. Ele era secretário-executivo da pasta desde 2020 e comandava o MEC desde 30 de março. 

Chegando ao fim do ano, o ministério da Educação cortou e bloqueou nos 12 meses de 2022 quase R$ 1,7 bilhão da pasta. Com os bloqueios para universidades e institutos federais. A crise no ministério gerou atraso de pagamento de bolsas de pesquisadores do CAPES e pelo menos 15 universidades chegaram a ameaçar fechar por não terem verba para pagar funcionários, bolsas de auxílio estudantil, equipamentos, manutenção e contas como água e luz. 

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