O Tribunal Regional de Koblenz, no oeste da Alemanha, anunciou nesta sexta-feira (10/05) que aceitou as denúncias contra três homens acusados de formar um grupo chamado "Paladin". O trio é acusado de planejar uma "resistência armada" contra as restrições impostas durante a pandemia de coronavírus, como lockdowns.
Segundo o Ministério Público, os três homens participaram de exercícios de treinamento em estilo paramilitar entre fevereiro e maio de 2021 e também que fizeram impressões 3D de peças de armas e munições improvisadas.
A investigação foi anunciada pela primeira vez quando os suspeitos foram detidos, em dezembro do ano passado, após cooperação do membro mais jovem do grupo com autoridades de Portugal, onde ele morava na época.
A acusação aponta esse suspeito, de 39 anos, como líder e membro fundador do grupo.
Ele é acusado de estimular a crença de que o Estado estava tentando restringir as liberdades básicas da população sob o pretexto de tentar conter a pandemia. As atividades do grupo teriam começado no final de 2020, cerca de seis meses após o início das restrições, que foram praticamente generalizadas na Alemanha e em muitos outros países.
O que os promotores alegam
Os promotores argumentam que os membros do grupo acreditavam que o exército e a polícia da Alemanha haviam se tornado "cúmplices" de uma conspiração e que a resistência armada – ou pelo menos a preparação para ela –, seria, portanto, necessária e justificada.
Entre fevereiro e março de 2021, segundo os promotores, o líder recrutou um homem de 63 anos e outro de 57 para a causa. Eles então teriam participado juntos de treinos e exercícios em estilo paramilitar.
O principal suspeito segue em prisão preventiva, e os outros dois estão soltos. Eles são acusados de formação de um grupo armado, formação ou participação em organização criminosa e violações da lei de armas – mas não são acusados de ato violento.
Pandemia durou três anos
A exemplo do que aconteceu em muitos países, a Alemanha impôs restrições abrangentes a viagens, comércio e vida pública em meio à pandemia, que foi assim conceituada e declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de março de 2020.
As medidas mudavam constantemente, geralmente com base no número de casos. Ao todo, o período se estendeu de março de 2020 até o verão europeu de 2022. Duas medidas alemãs notáveis para afrouxar a maioria das principais restrições domésticas ocorreram há dois anos, nos meses de março e junho.
Se por um lado as restrições ajudaram a diminuir o alastramento do coronavírus no país, por outro, mostraram-se férteis para grupos antivacinação ou que acreditam em algum tipo de conspiração por parte do Estado.
No dia 5 de maio de 2023, a OMS declarou o fim oficial da pandemia de covid-19, que matou oficialmente mais de 6,9 milhões em todo o mundo e deixou diversas comunidades devastadas em termos econômicos e psicológicos.
gb (AFP, dpa)